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Enslaved volta ao Brasil para grande celebração Viking no Fabrique em São Paulo

Quando o Enslaved havia anunciado meses atrás uma turnê latino-americana, foi percebida a falta do Brasil no anúncio pela primeira vez de todas as que vieram por aqui. 

Muito se especulava os motivos, um deles, talvez possa ser a falta de lotação em suas últimas apresentações nos estados em que passaram em terra tupiniquim em 2019. 

Entretanto, após pedidos, a própria Powerline e a Aldeia resolveram comprar a briga junto da Talentnation para fazer com que a apresentação rolasse, pelo menos, na capital paulista.

Um dia atípico, assim como as grandes e notáveis apresentações que rolaram na semana, foi escolhido para essa apresentação, uma quinta-feira de dia útil. 

A princípio, a casa foi enchendo lentamente, não estamos falando de uma casa super cheia e nem de um sold out, obviamente, porém, digamos que havia bastante gente presente o suficiente para dizer que encheu consideravelmente, ainda mais se tratando de uma casa com uma capacidade cuja estimativa é de 900 pessoas.

Caso tenha lido a minha resenha anterior sobre o show do Satyricon, sabe que esse não teve banda de abertura para o evento e bem, não que houvesse falta, mas se realmente fizer sentido e a situação permitir. Por essa razão, não tivemos também abertura no show do Enslaved! Mesmo que no exterior sempre haja uma banda de suporte, por aqui, há uma certa resistência um tanto irritante por parte do público de forma geral.

Foto: Enslaved no Fabrique, São Paulo. Crédito: Maurício Silva.

Eis que a banda começa os trabalhos com a faixa single do último trabalho “Heimdal” de 2023, a ‘Kingdom’, que anima o público da casa, embora o não mais cantante, também, vibrava em resposta positiva ao trampo dos rapazes ao estarem ali no palco. A banda deu uma ajuda motivando o público presente a ser mais participativo nas próximas músicas que seriam tocadas a seguir, como no caso da ‘Homebound’, presente no álbum “Utgard”, lançado durante um dos picos mais altos da pandemia. 

Vale lembrar que a banda esteve em constante atividade na época, até mesmo fazendo algumas lives de visualização gratuita para o público poder ter a experiência de shows, mesmo que no conforto de suas casas e motivando-as a manter-se em segurança da proliferação de um micróbio maldito e devastador.

A divulgação dos dois trampos realizados nos últimos 4 anos continua com a faixa ‘Forest Dweller’, que apresenta novamente grande presença de palco do baterista Iver Sandøy, na banda desde 2018, e tomando o posto de backing vocals com sua linha vocal limpa, assim como na faixa anterior. Notavelmente, sempre bem animado, enérgico e serelepe durante a apresentação, algo sempre a se admirar em bateristas de forma geral. 

É importante escrever que a banda se apresenta ao público, de forma informal e descontraída para o momento. São um grupo super acessível e atenderam os fãs de forma tranquila e hospitaleira antes e após a apresentação para fotos e autógrafos. Esse espírito foi sentido no show, mantendo um clima de festividade e leveza durante a transição de cada faixa. 

Esse que vos relata a apresentação, quebrou a cara quando ao apresentarem no palco o tecladista Håkon Vinje, brincaram com o fato de ter nascido justamente no ano em que haviam lançado a primeira demo em 1992, sendo que tinha uma leve impressão d’eu ser um pouco mais velho que ele.

Entra, após as devidas apresentações e bom humor a ‘Congelia’, presente no último disco dos vikings, o que chega a ser um fato curioso como algumas bandas lendárias geralmente tem hits novos que são celebrados tanto pelo público que se manteve, mesmo com as mudanças de sonoridade, como também para fãs que eram novos demais na época do ‘True Norwegian Black Metal’, ou que simplesmente não haviam nascido. Muitos dos presentes inclusive, estavam ora nascendo, ora a ser concebidos na década em que a mudança mais comercial no som do grupo estava não apenas adquirindo forma, mas tomando seu lugar de direito nas composições.

A música que segue na apresentação é do álbum “Below The Lights” (2003), ‘The Dead Stare’, que foi bem recebida pelo público assim que anunciada. Sendo essa do momento em que estavam experimentando na década de 2000 novos horizontes para a sonoridade, incluindo elementos progressivos.

Outra canção bem conhecida desse álbum é introduzida em clima de palmas e aos coros primitivamente nórdicos na ritualística ‘Havenless’, sendo uma porta de entrada ao verem como trilha sonora no documentário “Metal: A Headbanger’s Journey do antropólogo e músico Sam Dunn. 

Para os fãs, é também tida como uma favorita e obrigatória no setlist. 

Já que estamos falando em faixas mandatórias, não tem como deixar de lado o conteúdo dos primórdios em que o meio havia explodido, sendo pelas polêmicas ou também pela sonoridade crua, porém romanticamente diferenciada nos anos 90 com a música ‘Fenris’, presente no clássico álbum clássico e parte dos de cabeceira do gênero tanto do black como também do viking metal, “Frost” (1994). Assim, ela foi aplaudida quando anunciada pelo vocalista, principalmente recebida com entusiasmo pelos fãs desse material das antigas, o que não seria esse o único momento, é claro.

Antes dessa, precisamos também mencionar novamente a presença de Iver durante a apresentação, sendo o primeiro ao voltar para o ‘encore’ com um solo de bateria bem energizado, cheio de caras e bocas e o sorriso que não havia deixado seu rosto em nenhum momento durante a apresentação, mesclando seu carisma com o do resto da banda que tem como característica a vibe de boa praça.

De volta aos anos 2000, temos a faixa título “Isa” (2004), não recebida com tanto entusiasmo, porém o suficientemente para ser reconhecida, eis que entra a segunda faixa do primeiro EP “Hordaness Land” (1993) que foi split com o auto intitulado do Emperor, lançado pela Candlelight Records, na época, a Allfǫðr Oðinn (ou da tradução em norueguês, ‘Pai de Todos – Odin’). Como uma saideira mestre para uma celebração primitiva e nórdica naquela véspera de feriado, e em melhor forma como um clássico que representa aonde tudo começou, quando os membros fundadores presentes até hoje, Grutle Kjellson e o guitarrista Ivar Bjørnson eram apenas adolescentes, considerando que o último citado, tínha apenas 13 anos de idade quando a banda se formou no ano de 1991.

Em consideração as outras bandas do gênero, o Enslaved talvez não possa ter um público muito grande por aqui, porém, possui o prestígio necessário para levar um sorriso na cara dos membros da banda ao continuarem a turnê para um último show no México com a boa impressão que receberam principalmente de poucos, porém singelos ‘Olês’ característicos da grande audiência latina pagante que sempre marca presença nesses eventos únicos.

I know you watch over me
Father of all the past
And all that will ever be
You are the first and the last

The watcher of all that lives
The guardian of all that died

The one-eyed God way up high
Who rules my world and the sky

Northern wind take my song up high
To the Hall of glory in the sky
So its gates shall greet me open wide
When my time has come to die

– Song To Hall Up High, por Quorthon, Bathory.

Foto: Enslaved no Fabrique Club, São Paulo. Crédito:

Autor

  • Maurício Silva

    Maurício é um rapaz que cresceu com pais músicos e sempre com um ouvido aberto e atento, desde o mais clássico até mesmo o mais extremo. Fã declarado e incondicional de Sepultura, Emperor, Alice In Chains e Dimmu Borgir.

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