É incrível como vemos muitos vocalistas que ficam melhores com a idade. Se de um lado temos aqueles que acabam com sua voz com o passar do tempo, de outro temos o Glenn Hughes.
Sim, o sexagenário, mesmo fazendo seu show de despedida, arrepiou o público pelo controle total de sua voz, mesmo em uma idade onde muitos já nem estão cantando mais.
Sem playback ou qualquer artifício tecnológico, o britânico foi um poço de simpatia, contando histórias das músicas, relembrando momentos sentimentais de seu início como artista e, claro, agradecendo a cada uma das pessoas que estavam no show, dizendo que amava a todos e que esse era um dos grandes shows da sua vida (ok, aqui entendo que ele jogou para a galera). Mas em uma de suas idas ao microfone para falar ao público, ele teceu elogios ao público brasileiro, e sim, neste momento ele fala com uma sinceridade profunda e ímpar.
Quanto ao show, foi uma aula de condicionamento vocal, mas não só. Ele apresentou um setlist pesado e que praticamente fez um overview de sua carreira.
Dos tempos de Trapeze, “Way Back To The Bone” e “Coast To Coast” emocionaram a todos presentes. Essa última foi a primeira do bis, só ele, sua voz “negra” e o violão em punho.
Nesses momentos do show, ficou claro para os presentes sua relação de nostalgia e orgulho do que fez na sua primeira banda conhecida. Aqui ele contou histórias entre uma música e outra de como as compôs, dando ênfase sempre ao fato de que elas foram feitas na cozinha de sua avó, pelo jeito uma figura presente na vida do cantor.
Além de uma justa homenagem aos membros do Trapeze, o baterista Dave Holland e o guitarrista Mel Galley, que ganharam juras de amor e promessas de nunca serem esquecidos pelo vocalista.
As músicas solos foram tocadas e cantadas em coro, inclusive as de seu mais recente álbum, como “Chosen”, que levantaram a galera, assim como músicas como “Voices In My Head”, “Into The Fade” e a música-título do álbum.



Aliás, que belo álbum ele entregou esse ano! Acabei de ouvi-lo no fim de semana do show e é incrível que, mesmo com esses anos de estrada, ele ainda encontre inspiração e com um toque moderno.
Óbvio que não poderia faltar Deep Purple nesse setlist, cantadas em coro em “Mistreated” e a música que fechou a noite, enlouquecendo cada um dos fãs no show, “Burn”. Lembra no início do texto que falei sobre sua voz? Pois bem, ela está impecável depois de duas horas de show, e “Burn” mostra que a idade chega para alguns vocalistas, mas para “The Voice Of Rock” parece não ter chegado.
Estiveram ainda músicas do Black Country Communion, Hughes/Thrall e, claro, de seu amigo apresentador Iommi, com as músicas no estilo medley “Grace/Dopamine”.
Um show absurdo! Groovado, energético, de um power trio composto, além de Hughes, pelos excepcionais Soren Andersen na guitarra e o baterista Ash Sheehan.
E essa foi a primeira noite no país. Eles ainda tocam em Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.




