Sim, é verdade, e vai explodir tudo. Tinha tudo pra ser só mais um sábado de boa música no Bom Fim mas quem esteve no último dia 14, no Araújo Viana para acompanhar o KTRock se deparou com uma verdadeira bagunça e com tudo explodindo no final. A tarde/noite começou com o Wander visitando seus 40 anos de Punk, Brega e Louvores. Cantou clássicos como “Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo” homenageou Júpiter Maçã com “Um lugar do caralho” e fez o Araújo rezar para os Deuses do rock com “Jesus Cristo voltará” seguido de uma segunda parte inédita chamada “Mick Jagger é meu Jesus Cristo”. Mas não contente em cantar o “filho” chamou o Pai pro palco e com o Deus Jimi Joe, fez o Araújo chorar (pela primeira vez).
Na sequência, dando início as comemorações de 40 anos de banda, o DeFalla entra com sua formação mais clássica além do acréscimo do autor do Riff da Popozuda, Fornazzo, e fez aquilo que se esperava. Um show redondo, cheio de lado B, cheio de hits, com o Edu K arrasando no figurino “Bob Cuspe” com a tampa de privada no pescoço, que inclusive virou suvenir quando ele o entrega a um fã do gargarejo. Claro que falar em “surpreendente” se referindo ao DeFalla é redundância, afinal, pode-se sempre esperar de tudo de umas das maiores referências musicais do Brasil.
E então vem o Hard Rock da Rosa Taooada. A distorção e o carisma do Jaques Maciel comandou um flashback que emocionou a todos, inclusive o próprio Jaques que ao ver o Araújo todo cantando “..veio o vento e te levou.” Não segurou as lágrimas. E nem precisava, afinal todos ali queriam mesmo se emocionar. Mas tinha mais, pra não chorar sozinho a Rosa relembra as duas canções de bandas gaúchas mais tocadas nas rádios na história. Em 1992 “Sob um céu de Blues” (Dos Cascavelletes) que levou centenas às lagrimas, e “O inferno vai ter que esperar” eram executadas em média 25 vezes por dia no dial gaúcho. Aproveitou e lembrou que a Rosa só existe por “pilha” do Flavio Basso que em uma das viagens dos Casca, falou pros roads, Jaques e Barezinha: “Hei man, por que vocês não fazem uma banda pra abris os shows dos Cascavelletes?” Eles entederam a mensagem e proporcionaram um dos momentos mais emocionantes do festival.
Tá, e aí vem a Graforréia, SERIEDADE, Frank, Pianta e Birk fizeram o que sabem de melhor, misturaram tudo, além do carisma e da identificação com Porto Alegre, a qualidade do trio como músicos, o entrosamento e a alegria que transmitem do palco é contagiante. Mas eles tinham ainda uma carta na manga, ou melhor, no telão. Um “Gauaipeca” (fofinho diga-se de passagem) carismático como eles, rebolando com o bambolê foi atração. Era impossível náo desviar os olhos do palco e se fixar no telão pra ver o Vira Lata roqueiro detonando ao som de “Benga minueto” num balé que parecia ensaiado. E como todos já estavam no Parque Farroupilha foi ainda mais fácil pra Graforréia fazer a rapaziada tirar a bunda das cadeiras.
A última banda “ANUNCIADA” a entrar no palco foi a Carlinhos Carneiro & Os Excelents Animais (celebrando os 25 da Bidê), no show que está viajando o Brasil pra comemorar os 25 anos da banda, Carlinhos Carneiro entra com os chocalhos a lá Mick Jagger (emprestados pela Hanna) e não deixa ninguém parado. Todos sabemos da irreverência e espontaneidade do Little Ram, mas com espaço e rodeados de amigos e ex integrantes, como o Pila e a primeira backing da Bidê Gi Deneuve, toda trabalhada no Colã e dançando mais que o próprio Carlinhos as vezes.
Ainda teve a participação do Frank Jorge nos backings de “Melissa” o primeiro e talvez maior hit da banda até hoje.
Era pra tudo terminar ali, mas, além da expectativa de ver todos estes artistas, o anúncio de uma GRANDE SURPRESA, dias antes, foi o assunto mais especulado durante as, já percorridas, seis horas do festival. Na fila do caixa, nas bebidas, no pancho, na loja de camisetas, no fumódromo e em cada assento do Araújo Viana, a pergunta era: Quem será capaz de proporcionar tamanho frisson como o que estão vendendo? Pela expectativa criada não poderia ser algo simples, fácil ou esperado. As pistas foram sendo dadas nos intervalos dos shows, quando a live do youtube era reproduzida também para o público que lá estava. Carol Sanches da Rádio Atlântida recebia os artistas antes ou depois dos shows, além de outros tantos ídolos do rock gaúcho que estavam lá, Marcelo Gross, Mano Changes, e o papo sempre desviava pra grande surpresa.
E chegou finalmente a hora… e a decepção foi ZERO… sim meus amigos, não havia exagero nem jogo de marketing pra segurar a rapaziada desde as 16 horas. Já eram 23 horas e o idealizador da parada, Lele Bortolacci, sobe ao palco… e cumpre a promessa, faz o anúncio BOMBÁSTICO da reunião de umas das bandas mais importantes e icônicas da nossa história. “COM VOCÊS…..TEEEE ENNNNEEEE TEEEEEEEE!!!!!! Marcio Petracco puxa a fila, Charles Master, Tchê, Paul Arcari e Musklinho e João Maldonado vem logo atrás, com a plateia ensandecida, depois de uma rápida apresentação do Tchê, ele mesmo liga a guitarra e manda em alto e bom som o Ré..Lá..Sol mais famoso do rock gaúcho. Fazendo uma geração inteira que estava lá voltar a ter 15 anos. Tchãram… tchãm ..tchãm e a primeira frase dita pela banda depois de 21 anos é: “NÃO SEI, SE EU TÔ CERTO OU SE EU TÔ ERRADO”… Bom, dessa vez eu vou me arriscar e responder. ESTÁ CERTO. Errado talvez tenha sido nos deixar tantos anos esperando.
Ainda teve “Cachorro Louco” e a canja serviu pra deixar todos ainda mais enlouquecidos, já que no final anunciaram para o dia 19 de Dezembro, lá mesmo no Araújo a reunião da banda pra um show comemorativo aos 40 anos. Depois dessa notícia, não resta mais nada pra noite, e nem precisa. Até dezembro,
Sem ratiação, liga essa bomba e dance o rock and roll.
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