New Bloom Festival passa pela Austrália com line up de peso e organização impecável

Foram 3 datas previstas, mais de 14 bandas entre elas atrações locais de cada cidade, um público de rock que se renova, um jeito antigo e muito eficiente de se fazer eventos, tal qual os shows de punk de antigamente, porém com um espírito revigorado e cada vez mais desprendido de dogmas paradigmas.

O evento ainda contou com o cancelamento do Festival de Queensland, devido à passagem do Ciclone Alfred, que causou uma devastação violenta na costa Nordeste do País, provocando enchentes severas, ventos destruidores e uma morte registrada.

Estive presente no Festival de Sydney, cheguei cedo e acompanhei todas as bandas locais que antecederam as atrações principais, com destaque para o Secret World, banda local de Hardcore de alguns dos membros da famigerada e agressiva Speed, também de Sydney e uma das queridinhas do cenário Punk/Hardcore mundial.

O line up

O festival contou com 6 principais atrações, Glitterer (projeto atual de Ned Russin, principal vocalista e letrista do Title Fight, uma das principais bandas da década passada na cena Hardcore), Sweet Pill, banda da Pensilvânia formada em 2018 e que vem ganhando cada vez mais destaque na cena underground, misturando math rock e midwest emo, One Step Closer, banda de hardcore Straight Edge formada em 2016 também da Pensilvânia, e os três maiores shows da noite.

Balance and Composure banda já clássica do emo formada em 2007 na Pensilvânia, Drain, hardcore punk brutal formada em 2014 em Santa Cruz na Califórnia e a headliner Basement, formada na Inglaterra em 2009, um dos principais nomes do revival emo e do grunge da década passada e que mesmo após um hiato conseguiu manter e renovar seu público. todas elas ocupando o mesmo palco em um super Ginásio/Teatro destinado para grandes eventos no meio do campus da Universidade de New South Wales, as bandas tinham exatos 30 minutos para fazer suas apresentações e um intervalo de também exatos 15 minutos entre uma banda e outra.

O Show do One Step Closer contou com um incidente grave e teve que ser interrompido após um jovem se machucar em meio ao circle pit e ter sido imobilizado e retirado de ambulância do local, um atendimento super rápido e eficiente executado pela equipe de paramédicos do evento. o Show foi paralisado por alguns minutos e reiniciado com um pedido de cuidado e de boas energias e recuperação para o ferido por parte do vocalista Ryan Savitski.

Outro destaque, desta vez positivo, foi toda a organização do festival, todos os shows rigorosamente no horário, todos os intervalos respeitados, acesso extremamente rapido e fácil ao local dos shows, todo staff super educado e preocupado com o bem estar e segurança do público em todas as áreas e principalmente à frente do palco resgatando e não deixando ninguém cair no chão quando chegasse ao fim da barreira de proteção após finalizar o mosh pit. É de cultura local nos eventos na Inglaterra e na Austrália as casas de shows e pubs fornecerem água de graça para o público e alguns outros lugares maiores contarem inclusive com lugar para repouso caso alguém do público necessite recuperar as energias e descansar.

O segundo ponto máximo da noite foi o show insano do Drain, os novos prodígios da Epitaph, um hardcore punk que flerta explícitamente como Thrash metal e o Crossover, com um vocalista com um carísma e brutalidade, um setlist coeso, rápido e agressivo e com um cover sensacional de Good Good Things, do Descencents, recomendo fortemente o álbum California Cursed, de 2020.

Basement traz setlist com clássicos para celebrar seu retorno

Encerrando a noite do New Bloom Fest 2025, o Basement trouxe um show carregado de clássicos da banda, começando com Whole, seguida por Earl Grey e Bad Apple. a banda possuí quatro álbuns de estúdio, I Wish I Could Stay Here (2011) , Colourmeinkindness (2012), principal álbum da discografia da banda, o qual chegou ao TOP 200 da Billboard, Promise Everything(2016) e Beside Myself (2018) , e um Ep, Songs About The Weather (2010), todos surpeendentemente muito bons, flertando com o real emo dos anos 90 e com o grunge, bandas como Promise Ring, Mineral, Braid, Jimmy Eat World e Piebald. A banda dos Irmãos Andrew e James Fisher, vocal e bateria respectivamente, contou com vários hiatos na tragetória da banda, uma banda quando começa tão adolescente, acaba tendo que sofrer com as responsabilidades da vida adulta, como universidade e trabalho. o Basement voltou com tudo em 2023, fez vários shows em festivais no ano passado, e agora, ao que tudo indica está preparando material novo após o último hiato de 2018.

O Show ainda foi seguido por muitas outras músicas que são queridas pelo público e todas cantadas à plenos pulmões e com muita devoção. Fading, Disconect, Crickets Throw Their Voice, Pine e Yoke estiveram presentes no setlist da banda, sem contar com o encerramento perfeito com a arrastada e emotiva Covet, a favorita dos fãs antigos da banda.

Todas as bandas que passaram pelo palco do New Bloom Festival 2025 e a organização do evento mostraram algo que por muitas vezes é contestado e falado sem propriedade e sem conhecimento pelos fãs mais conservadores e desolados do Rock tradicional, de que “não se faz mais música como antigamente” uma frase que me irrita e me entristece proporcionalmente, uma prova real de que é muito fácil cristalizar com o passar do tempo, se tornar uma caricatura de sí mesmo e morrer por dentro de uma forma irreversível. Parar no tempo é algo que definitivamente não está nos planos de quem faz música boa e independente, desprendido de dogmas e preconceitos, sem implorar por esmola de gravadoras e contratos obcenos e muito menos da aprovação das múmias petrificadas de sapatênis e camisetas do Whitesnake.

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