DR. Z. foi um “obscuro” trio britânico do início dos anos 70, cuja versão em LP de seu único álbum chega à faixa de preço de 3 dígitos, pois apenas cerca de 80 cópias foram vendidas na época, e o restante das edições foi descartado pela gravadora. O DR.Z foi descoberto pelo líder do NIRVANA britânico, Patrick Campbell-Lyons, que atuou como produtor executivo do álbum.
Lançado em 1971, “Three Parts To My Soul “, não poderia estar mais longe do gosto de seu mentor por uma aerabilidade eclética. O clima dominante é o dos teclados percussivos, alternadamente majestosos e militaristas, e os vocais têm uma convicção que faz com que cada letra ressoe como um lema profundamente significativo. As letras, giram em torno do ocultismo e da maldade do homem, combinando com a sonoridade, um tanto desajeitada e estranha aos nossos ouvidos modernos. Em sua forma mais inventiva e texturizada, o álbum é um belo exemplo do estilo Progressivo do início dos anos 70 em sua forma mais sombria. As composições apresentam ritmos simples e a música é peculiarmente obsessiva, com longos solos de piano e órgão, melodias barrocas e letras satânicas.
Abrindo o disco, “Evil Woman’s Manly Child” é o reverso dos “Dez Mandamentos bíblicos”. Nessa faixa podemos ouvir duas vozes, uma sussurrada e uma cantada. Aqui o DR. Z já apresenta um dos muitos pontos altos do álbum. “Spiritus, Manes et Umbra”, quase poderia soar como um sucesso se as coisas funcionassem um pouco diferentes para a banda (e, claro, se retirassem o extenso solo de bateria). É uma musica cativante com um refrão que se repete e de alguma forma “gruda” na mente do ouvinte. A primeira metade da faixa, se move como um batalhão de tanques, com o próprio título do LP sendo cantado de maneira compulsiva. “Summer for the Rose” mostra alguns elementos psicodélicos, mostrando como em 1971, a década de 1960 não havia desaparecido totalmente. “Burn in Anger” é uma balada dominada pelo piano, enquanto “Too Well Satisfied” é uma daquelas canções cafonas com muito apelo. “In a Token of Despair” é a balada de encerramento, a respeito do espírito que assombra a Terra. É um tour de force de ventos FLOYDianos, lembranças de KING CRIMSON e estrutura sinfônica.
Em 1991, a Second Battle relançou “Three Parts…” em sua versão CD, incluindo duas faixas extras, “Lady Ladybird” e “People in the Street”, extraídas de um single raro do DR. Z, lançado pelo selo Fontana, um ano antes do LP, e produzido por Dick Taylor, do PRETTY THINGS, Ambas são canções mais tradicionais no estilo do início dos anos 60. Uma caracterísitica comum a essas duas faixas, escritas por Keith Keyes , é que não se encontra absolutamente nenhum sinal de assuntos ocultistas nas mesmas. “Lady Ladybird” é uma peça bastante alegre, enquanto “People in the Street”, por outro lado, soa muito Pop, sem o charme de “Lady Ladybird”.
Provávelmente alguns irão considerar “Three Parts To My Soul”. um álbum bastante estranho e singular, no entanto o DR. Z nos apresenta algumas idéias, ritmos e melodias brilhantes e originais. Embora possa parecer simples à primeira audição, com o passar do tempo o disco nos revelará muitas facetas surpreendentes, anos à frente de seu tempo. Infelizmente esse é o único trabalho gravado pelo DR. Z e o disco mais raro lançado pela gravadora “Vertigo-swirl”.
Artista: DR. Z.
Álbum: Three Parts To My Soul
Ano: 1971
Gênero: Progressivo
País: Reino Unido
DR. Z – Three Parts to my Soul
1. Evil Woman’s Manly Child (4:47)
2. Spiritus, Manes et Umbra (11:51)
3. Summer for the Rose (4:32)
4. Burn in Anger (3:25)
5. Too Well Satisfied (5:49)
6. In a Token of Despair (10:31)
Bonus tracks on latter releases:
7. Lady Ladybird (2:46)
8. People in the Street (3:08)
Músicos
Keith Keyes / piano, cravo, órgão, voz, compositor e produtor
Rob Watson / baixo
Bob Watkins / bateria, percussão
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