A história do Iron Maiden: Dos primórdios ao momento atual

Marcelo Scherer
20 minutos de leitura
Iron Maiden. Crédito Getty Images.

Reconhecida como a maior banda de heavy metal de todos os tempos, Iron Maiden sempre foi reconhecido por popularizar o estilo em especial ao Brasil, onde se apresentou no lendário Rock In Rio de 1985. A química entre o público brasileiro e a banda foi instantânea.

Pelo mundo, a Donzela de Ferro também arrasta multidões e como poucas bandas é o símbolo máximo do estilo.

Abaixo nos aprofundamos em suas diversas fases, servindo como um guia inicial para um mergulho mais profundo no Maeden verso.

Os primórdios e a formação da banda

O Iron Maiden, uma das bandas mais icônicas do heavy metal, teve suas origens em 1975, quando Steve Harris, então um jovem baixista, decidiu formar um grupo que refletisse suas influências musicais e aspirações. Harris, inspirado por bandas como Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin, buscava criar um som distinto que combinasse complexidade musical e energia crua. O cenário musical da época, dominado pelo punk rock e pelo hard rock, oferecia um terreno fértil para novas experimentações no gênero.

Primeira formação do Iron Maiden. Crédito: Arquivos da banda.

A formação inicial do Iron Maiden começou a tomar forma quando Harris se juntou a Dave Murray, um guitarrista talentoso que compartilhava sua visão musical. Juntos, eles começaram a compor e a realizar ensaios intensivos, recrutando outros músicos para completar a formação. Entre os primeiros membros estavam Paul Day, no vocal, e Ron Matthews, na bateria. Esses primeiros dias foram marcados por uma intensidade e dedicação que logo se refletiriam em suas apresentações ao vivo.

Os primeiros shows do Iron Maiden foram realizados em pequenos clubes e pubs em Londres, onde a banda enfrentou inúmeros desafios, desde a falta de equipamentos adequados até a resistência inicial do público. No entanto, a energia e a paixão que demonstravam em cada performance começaram a atrair uma base de fãs dedicada. As dificuldades iniciais, longe de desmotivá-los, serviram como combustível para que continuassem a perseguir seu sonho.

As primeiras gravações da banda, compiladas em fitas demo caseiras, foram fundamentais para estabelecer seu som característico e começaram a circular entre os fãs e pequenos selos independentes. Essas gravações, embora rudimentares, mostravam o potencial do Iron Maiden e abriram portas para oportunidades maiores. A faixa “Prowler”, por exemplo, tornou-se um marco inicial, despertando o interesse de críticos e entusiastas do heavy metal.

Assim, os primórdios do Iron Maiden foram marcados por perseverança e inovação, estabelecendo as bases para o que viria a ser uma das bandas mais influentes e duradouras do heavy metal mundial.

Os discos com Paul Di’Anno e sua saída

O início da jornada musical da banda Iron Maiden foi marcado pela presença do vocalista Paul Di’Anno, que trouxe uma energia inigualável e uma voz rouca que se tornou característica nos primeiros álbuns. O álbum de estreia, Iron Maiden, lançado em 1980, apresentou ao mundo o som cru e agressivo da banda, que rapidamente conquistou uma legião de fãs. Músicas como “Prowler” e “Running Free” destacaram-se pela fusão do punk rock com o heavy metal, criando uma combinação explosiva que definiria a identidade da banda nessa fase inicial.

Paul Di'Anno e Steve Harris. Crédito: Virginia Tubbett/Redeferns.
Paul Di’Anno e Steve Harris. Crédito: Virginia Tubbett/Redeferns.

O segundo álbum, Killers, lançado em 1981, solidificou ainda mais a posição de Iron Maiden no cenário musical. Este álbum não apenas seguiu a trajetória agressiva do primeiro, mas também demonstrou um amadurecimento na composição e na produção. Faixas como “Wrathchild” e “Murders in the Rue Morgue” mostraram a habilidade da banda em criar narrativas envolventes e riffs memoráveis. A contribuição de Paul Di’Anno foi crucial, com sua voz única complementando perfeitamente o estilo musical da banda.

No entanto, apesar do sucesso inicial, a permanência de Di’Anno na banda foi curta. Problemas pessoais e diferenças musicais começaram a surgir, afetando a dinâmica e a produtividade do grupo. Di’Anno enfrentava dificuldades relacionadas ao abuso de substâncias, o que impactava negativamente suas performances ao vivo e sua capacidade de colaborar de maneira eficiente com os outros membros da banda. Além disso, havia uma divergência crescente em relação à direção musical que a banda desejava seguir. Enquanto Di’Anno preferia manter uma abordagem mais punk, os outros membros estavam inclinados a explorar sonoridades mais complexas e técnicas.

Esses fatores culminaram na saída de Paul Di’Anno da Iron Maiden em 1981. Embora sua passagem pela banda tenha sido breve, sua contribuição durante esses anos foi fundamental para estabelecer a base do que Iron Maiden se tornaria. A era Di’Anno é lembrada pelos fãs como um período de intensa criatividade e inovação, que preparou o terreno para o sucesso contínuo da banda nos anos seguintes.

A entrada de Bruce Dickinson e os álbuns ‘The Number of the Beast’ e ‘Piece of Mind’

Em 1982, a banda Iron Maiden passou por uma transformação significativa com a entrada do vocalista Bruce Dickinson. Conhecido por sua poderosa presença de palco e um alcance vocal impressionante, Dickinson trouxe uma nova energia e dinâmica para a banda. Sua chegada coincidiu com o lançamento do álbum ‘The Number of the Beast’, que marcou um ponto de virada na carreira do Iron Maiden.

‘The Number of the Beast’ foi um sucesso estrondoso, tanto comercialmente quanto entre os críticos. O álbum apresentava faixas icônicas como “Run to the Hills” e a faixa-título “The Number of the Beast”, que rapidamente se tornaram hinos do heavy metal. A habilidade vocal de Dickinson, combinada com as intricadas guitarras de Dave Murray e Adrian Smith, e a bateria pulsante de Clive Burr, ajudaram a definir o som clássico do Iron Maiden. O álbum alcançou o primeiro lugar nas paradas do Reino Unido e solidificou a reputação da banda como uma das principais forças do heavy metal.

O sucesso de ‘The Number of the Beast’ foi seguido rapidamente por ‘Piece of Mind’ em 1983. Este álbum continuou a trajetória ascendente da banda, apresentando hits como “The Trooper” e “Flight of Icarus”. Com ‘Piece of Mind’, o Iron Maiden consolidou ainda mais sua imagem e som característicos. A troca de Clive Burr por Nicko McBrain na bateria trouxe uma nova dimensão rítmica, enquanto as letras exploravam temas históricos, literários e filosóficos, expandindo o apelo da banda.

Os álbuns ‘The Number of the Beast’ e ‘Piece of Mind’ não apenas destacaram a versatilidade e o talento do Iron Maiden, mas também ajudaram a definir o gênero heavy metal nos anos 1980. A combinação da energia vocal de Bruce Dickinson, a complexidade musical e as performances ao vivo eletrizantes estabeleceu um padrão que influenciaria inúmeras bandas futuras. Esses álbuns continuam a ser celebrados como clássicos intemporais, refletindo a importância duradoura do Iron Maiden no cenário musical.

A época de ouro: ‘Powerslave’, ‘Somewhere in Time’ e ‘Seventh Son of a Seventh Son’

Durante os anos 1980, Iron Maiden viveu sua época de ouro, marcada por lançamentos icônicos que ajudaram a definir o heavy metal. O álbum ‘Powerslave’, lançado em 1984, é amplamente considerado um dos melhores álbuns da banda. Com faixas como “Aces High” e “2 Minutes to Midnight”, o álbum apresentou uma combinação de riffs poderosos e letras épicas. A turnê World Slavery Tour que se seguiu foi uma das maiores da década, consolidando a posição da banda como um gigante do rock.

Dois anos depois, Iron Maiden lançou ‘Somewhere in Time’ (1986), um álbum que marcou uma evolução significativa em seu som. Introduzindo sintetizadores e uma produção mais polida, o álbum trouxe faixas memoráveis como “Wasted Years” e “Heaven Can Wait”. Esta inovação musical demonstrou a capacidade da banda de se adaptar e crescer, mantendo-se relevante em um cenário musical em constante mudança.

Em 1988, o Iron Maiden lançou ‘Seventh Son of a Seventh Son’, um álbum conceitual que explorou temas místicos e sobrenaturais. Com músicas como “The Evil That Men Do” e “Can I Play with Madness”, o álbum foi aclamado tanto pela crítica quanto pelos fãs. A turnê que acompanhou o lançamento do álbum foi um sucesso estrondoso, com apresentações esgotadas ao redor do mundo.

Esses álbuns não apenas solidificaram a reputação do Iron Maiden como uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos, mas também tiveram um impacto cultural significativo. Eles influenciaram inúmeras bandas subsequentes e ajudaram a expandir os limites do gênero. A capacidade do Iron Maiden de inovar e evoluir musicalmente durante essa época foi crucial para seu sucesso duradouro. Este período de ouro é lembrado como um marco na história do heavy metal, definindo padrões que continuam a inspirar músicos e fãs até hoje.

A saída de Adrian Smith e a fase de ‘No Prayer for the Dying’ e ‘Fear of the Dark’

Em 1990, a banda Iron Maiden enfrentou uma das transições mais significativas de sua carreira com a saída do guitarrista Adrian Smith. Adrian havia sido um membro crucial desde 1980, contribuindo para o som característico da banda com sua habilidade e estilo únicos. Sua saída ocorreu devido a divergências criativas, particularmente em relação ao material que estava sendo desenvolvido para o álbum que viria a ser ‘No Prayer for the Dying’. A ausência de Smith trouxe uma nova dinâmica ao grupo, que rapidamente preencheu seu lugar com Janick Gers, um guitarrista de talento comprovado.

‘No Prayer for the Dying’ foi lançado em outubro de 1990 e marcou uma mudança notável no som do Iron Maiden. O álbum se afastou do estilo de heavy metal progressivo e complexo dos álbuns anteriores, adotando uma abordagem mais direta e simplificada. Essa mudança foi recebida com críticas mistas; enquanto alguns fãs apreciaram a crueza e a energia renovada, outros sentiram falta da sofisticação musical que Adrian Smith havia ajudado a desenvolver. Comercialmente, o álbum teve um desempenho razoável, mas não alcançou o mesmo nível de sucesso dos lançamentos anteriores.

Em 1992, Iron Maiden lançou ‘Fear of the Dark’, um álbum que procurou equilibrar o novo som direto com elementos de suas raízes mais complexas. Este álbum foi melhor recebido do que seu antecessor, tanto pela crítica quanto pelos fãs, e inclui faixas que se tornaram clássicos, como a faixa-título “Fear of the Dark”. No entanto, a banda ainda enfrentava desafios internos. Em 1993, Bruce Dickinson, o carismático vocalista que havia se juntado à banda em 1981, decidiu deixar o grupo para seguir uma carreira solo. A saída de Dickinson marcou o fim de uma era para o Iron Maiden, mas a banda continuaria a evoluir e a enfrentar novos desafios nos anos seguintes.

A entrada de Blaze Bayley e os álbuns ‘The X Factor’ e ‘Virtual XI’

A entrada de Blaze Bayley como vocalista do Iron Maiden em 1994 marcou uma fase tumultuada para a banda. Após a saída de Bruce Dickinson, a escolha de Bayley, anteriormente da banda Wolfsbane, foi recebida com reações mistas tanto pelos fãs quanto pela crítica. Bayley trouxe uma nova dinâmica vocal, mas a mudança foi um desafio significativo para a banda, que estava acostumada com a voz icônica de Dickinson.

O primeiro álbum com Bayley, The X Factor (1995), foi uma tentativa de navegar por essas águas turbulentas. O álbum, marcado por um tom mais sombrio e introspectivo, refletia tanto a mudança na formação quanto os tempos difíceis que a banda enfrentava. Faixas como “Sign of the Cross” e “Man on the Edge” destacavam a nova direção musical, mas a recepção do público foi dividida. Enquanto alguns apreciavam a nova abordagem, outros sentiam falta do estilo energético e teatral de Dickinson.

Três anos depois, em 1998, Iron Maiden lançou Virtual XI, o segundo e último álbum com Bayley. Este álbum tentou retornar a um som mais tradicional de Iron Maiden, mas novamente enfrentou críticas mistas. Canções como “The Clansman” e “Futureal” mostraram o esforço da banda em manter sua essência, mas a resposta do público e da crítica não foi a esperada. A popularidade de Iron Maiden sofreu um declínio notável durante esse período, com muitos fãs questionando a direção artística e o futuro da banda.

A fase com Blaze Bayley foi, sem dúvida, uma das mais desafiadoras na história do Iron Maiden. Embora os álbuns The X Factor e Virtual XI tenham enfrentado recepção negativa e dificuldades em manter a popularidade da banda, eles também representam um período de resiliência e adaptação. A experiência acumulada durante esses anos se tornaria fundamental para o ressurgimento da banda nos anos subsequentes.

O retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith: ‘Brave New World’ e a Turnê Mundial

Em 1999, após um período de incertezas e mudanças na formação, a icônica banda Iron Maiden anunciou o retorno de dois membros essenciais: o vocalista Bruce Dickinson e o guitarrista Adrian Smith. A decisão foi fruto de intensas negociações e um reconhecimento mútuo da importância desses músicos para a identidade sonora da banda. A volta de Dickinson e Smith não só trouxe de volta a energia e a complexidade das performances clássicas de Iron Maiden, mas também preparou o terreno para um renascimento criativo.

Com a formação consolidada, Iron Maiden lançou em 2000 o álbum ‘Brave New World’. Este trabalho marcou um ponto de inflexão, sendo amplamente aclamado pela crítica e pelos fãs. O álbum combina elementos tradicionais do heavy metal com inovações sonoras, resultando em músicas complexas e composições ricas. Canções como “The Wicker Man” e “Blood Brothers” rapidamente se tornaram favoritas dos fãs, demonstrando que a banda ainda estava em plena forma.

A recepção positiva de ‘Brave New World’ foi acompanhada por uma turnê mundial bem-sucedida. A ‘Brave New World Tour’ percorreu diversos continentes, consolidando a posição de Iron Maiden como uma das bandas mais influentes no cenário do heavy metal mundial. A turnê foi notável não apenas pela execução impecável das músicas, mas também pela nova dinâmica no palco, com três guitarristas: Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers. Essa configuração permitiu arranjos mais complexos e uma performance ainda mais poderosa.

O retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith revitalizou Iron Maiden, trazendo uma nova era de sucesso e criatividade. A combinação de experiência e renovação fez de ‘Brave New World’ um marco na história da banda, e a turnê mundial subsequente reafirmou a capacidade do grupo de evoluir e permanecer relevante no competitivo mundo do heavy metal.

Os anos 2000 em Diante: De ‘Dance of Death’ a ‘Senjutsu’ e o Momento Atual da Banda

A partir dos anos 2000, o Iron Maiden continuou a solidificar sua posição como uma das bandas mais influentes do heavy metal. Com o lançamento de Dance of Death em 2003, a banda mostrou sua capacidade de evoluir musicalmente, incorporando elementos orquestrais e uma narrativa mais complexa. Faixas como “Paschendale” exemplificam essa abordagem mais elaborada, enquanto “Wildest Dreams” oferece um som mais tradicional, característico do Iron Maiden.

Em 2006, o álbum A Matter of Life and Death trouxe um conceito mais sombrio e introspectivo, refletindo sobre temas de guerra e religião. Este álbum foi notável por ser tocado na íntegra durante a turnê, um risco que a banda estava disposta a correr para oferecer uma experiência única aos fãs. O sucesso de A Matter of Life and Death confirmou a habilidade do Iron Maiden de se reinventar e manter sua relevância na indústria musical.

The Final Frontier de 2010 marcou mais uma inovação, com uma abordagem mais progressiva e experimental. O álbum foi bem recebido tanto pelos críticos quanto pelos fãs, e a turnê que se seguiu foi um sucesso comercial. Em 2015, The Book of Souls foi lançado como um álbum duplo, um feito raro na discografia da banda. Com faixas longas e elaboradas, como “Empire of the Clouds”, a banda continuou a explorar novos territórios musicais.

O álbum mais recente, Senjutsu de 2021, confirma que a banda ainda tem muito a oferecer. Com uma temática inspirada na cultura japonesa, o álbum apresenta músicas complexas e uma produção impecável. A turnê que se seguiu ao lançamento de Senjutsu mostrou que o Iron Maiden continua a atrair grandes multidões em todo o mundo.

Atualmente, o Iron Maiden permanece ativo e influente. Eles vem se apresentando pelo mundo com a Tour ‘Run For Your Lives’ em celebração dos 50 anos da banda.

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