A jornada inesperada: Keith Richards, Charlie Watts e um Cadillac ruidoso

Luis Fernando Brod
3 Min Read
Charlie Watts/Keith Richards. Foto: Pinterest.

Na longa trajetória dos Rolling Stones, não faltam histórias de bastidores. Algumas são exageradas, outras quase surreais. Mas poucas são tão peculiares quanto a aventura de Keith Richards e Charlie Watts narrada na autobiografia Vida, publicada em 2010.

Segundo Keith, tudo começou após uma exaustiva maratona de gravações. Em vez de descansar, ele e Charlie decidiram pegar um Cadillac conversível alugado e dirigir até o local de um show da banda. O motivo? Arejar a cabeça e fugir, por um momento, do ambiente de estúdio.

O trajeto passava por regiões do sul dos Estados Unidos. A paisagem, segundo Richards, era marcada por estradas desertas, bares à beira da estrada e a constante sensação de estar em um cenário fora do tempo. Até aí, uma típica escapada de músicos em busca de liberdade.

Mas o passeio ganhou contornos mais tensos quando, ao inspecionar o veículo, Keith encontrou um compartimento na porta que escondia uma quantidade considerável de cocaína. Ele não explica quem colocou ali nem como, apenas admite o susto — e, ao que parece, o uso da substância durante o trajeto.

Charlie Watts, sempre mais comedido, dirigia em silêncio por longos trechos. Sua condução tranquila contrastava com a tensão que o próprio Richards admite sentir. Apesar disso, seguiram viagem sem grandes contratempos — até serem abordados por policiais em algum ponto da estrada.

Keith não dá detalhes sobre o desfecho da abordagem. Apenas menciona que conseguiram seguir viagem, o que sugere que a situação foi contornada sem maiores consequências. Uma ausência de explicações que, curiosamente, reforça o clima de tensão da história.

Durante o caminho, os dois fizeram uma parada em um bar típico do sul norte-americano. O ambiente era descrito por Richards como carregado de música country, personagens locais e uma atmosfera quase cinematográfica. Um retrato vívido da estrada americana.

Esse episódio é um entre muitos da autobiografia de Richards, que mescla memórias da banda com reflexões sobre música, drogas e amizade. Charlie Watts, sempre discreto, é retratado com carinho — alguém que, mesmo diante do caos, mantinha a calma e o foco.

Mais do que uma história curiosa, a viagem de Cadillac mostra como o cotidiano dos Rolling Stones podia oscilar entre o prosaico e o absurdo. Um passeio com contrabando acidental, uma parada em um bar esquecido e uma abordagem policial. Tudo em uma tarde.

A vida na estrada, para Keith Richards, nunca foi apenas deslocamento. Era um estado de espírito. E, às vezes, um risco calculado. Com Charlie ao lado, a jornada ganhava um equilíbrio raro — mesmo que o carro estivesse cheio de barulho, poeira e tensão.

Keith Richards – Vida

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