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Bert Jansch. Crédito: Espólio de Keith Morris/Redferns/Getty Images
Bert Jansch. Crédito: Espólio de Keith Morris/Redferns/Getty Images

Bert Jansch: o mestre do violão que influenciou gerações

Bert Jansch, uma figura central na música folk britânica, deixou um legado inestimável como compositor, guitarrista e membro fundador do Pentangle. Seu estilo de tocar o violão, marcado por técnicas complexas e uma sensibilidade única, moldou a carreira de inúmeros músicos, incluindo nomes como Jimmy Page e Neil Young. Este último chegou a declarar que Jansch era, no violão acústico, o equivalente a Jimi Hendrix na guitarra elétrica. “Ele era absolutamente único. Um mestre completo do instrumento”, afirmou Young em uma entrevista.

A vida de Bert Jansch

Herbert “Bert” Jansch nasceu em 3 de novembro de 1943, em Glasgow, Escócia, mas cresceu em Edimburgo. Desde cedo, Jansch demonstrou interesse pela música, começando a tocar guitarra ainda na adolescência. Em suas primeiras influências, destacam-se músicos de blues como Big Bill Broonzy e artistas de folk tradicional britânico, o que mais tarde seria a base para sua abordagem inovadora ao instrumento.

Nos anos 1960, Jansch mudou-se para Londres, onde começou a frequentar clubes de música folk, incluindo o icônico Les Cousins, no Soho. Lá, ele se conectou a outros músicos emergentes da cena folk, como John Renbourn, que mais tarde se tornaria seu parceiro musical e colega no Pentangle.

Estilo de tocar e contribuições musicais

Jansch destacou-se por sua habilidade em misturar técnicas de fingerpicking com afinações alternativas, criando arranjos intricados e melodias hipnotizantes. Fingerpicking é uma técnica de tocar violão ou guitarra em que os dedos da mão direita (ou esquerda, no caso de canhotos) pinçam as cordas diretamente, em vez de usar uma palheta.

Cada dedo é geralmente designado para tocar cordas específicas, criando melodias, harmonias e ritmos simultaneamente. É comum no folk, blues e música clássica.

Seu álbum de estreia autointitulado, lançado em 1965, foi gravado de forma caseira, mas teve um impacto significativo. Faixas como “Needle of Death”, uma reflexão sobre a tragédia do vício em drogas, evidenciaram seu talento como compositor.

Outro exemplo marcante de sua genialidade é a faixa instrumental “Angie”, que se tornou uma referência entre guitarristas e exemplifica sua habilidade em unir complexidade técnica com emoção.

O impacto em outros músicos

A influência de Jansch transcendeu o folk britânico. Jimmy Page, do Led Zeppelin, admitiu publicamente que a introdução de “Black Mountain Side”, do álbum de estreia de sua banda, foi fortemente inspirada por Jansch. “A música de Bert era como uma aula de composição e execução”, disse Page em uma entrevista retrospectiva.

Neil Young, outro admirador declarado, reconheceu a genialidade de Jansch em entrevistas ao longo de sua carreira. “Ele foi um dos grandes. Sua abordagem ao violão acústico mudou minha percepção sobre o que era possível fazer com o instrumento”, afirmou o canadense.

Johnny Marr, ex-guitarrista do The Smiths é mais um que reconhece o quão grande foi Bert Jansch: “Ele era um dos meus heróis. Bert tinha uma forma de tocar que parecia simples, mas, ao tentar replicá-la, você percebia o quão brilhante e complexo ele era.”

A era Pentangle e o reconhecimento tardio

Em 1967, Jansch fundou o Pentangle ao lado de John Renbourn, Jacqui McShee, Danny Thompson e Terry Cox. A banda misturava elementos de folk, jazz e blues, criando um som único que conquistou público e crítica. Álbuns como Basket of Light (1969) trouxeram hits como “Light Flight”, que marcaram uma geração.

Apesar de nunca alcançar o estrelato convencional, Jansch continuou a gravar e se apresentar até seus últimos anos de vida, ganhando reconhecimento tardio por sua contribuição à música. Ele recebeu um prêmio de reconhecimento vitalício do BBC Folk Awards em 2001, consolidando seu status como um dos grandes nomes da música folk.

Legado imortal

Bert Jansch faleceu em 5 de outubro de 2011, aos 67 anos, após uma batalha contra o câncer. Apesar de sua ausência física, sua música continua a influenciar gerações de músicos e ouvintes. Como Neil Young resumiu: “Ele era um daqueles raros artistas que aparecem de tempos em tempos, capazes de mudar tudo ao seu redor com apenas um instrumento e uma voz.”

Bert Jansch compôs e interpretou inúmeras músicas marcantes ao longo de sua carreira. Aqui estão cinco das suas principais canções, reconhecidas tanto por sua qualidade artística quanto pela influência que exerceram:

“Needle of Death” (1965)

Uma das canções mais emblemáticas de Jansch, “Needle of Death” aborda o tema do vício em heroína com sensibilidade e melancolia. A faixa, presente em seu álbum de estreia, tornou-se um clássico do folk britânico.

“Angie” (1965)

Embora seja uma adaptação de “Anji”, composição de Davey Graham, a interpretação de Jansch se tornou referência pela complexidade técnica e emocional, sendo uma peça fundamental no repertório de violonistas acústicos.

“Blackwaterside” (1966)

Este tradicional folk britânico foi reinventado por Jansch, que o gravou no álbum Jack Orion. Sua versão influenciou diretamente Jimmy Page, que adaptou a melodia em “Black Mountain Side”, do Led Zeppelin.

“It Don’t Bother Me” (1965)

Faixa-título de seu segundo álbum, a música reflete o lirismo característico de Jansch, combinando letras introspectivas com sua técnica de violão única.

“Pentangling” (1968)

Lançada pelo Pentangle, banda que Jansch cofundou, essa música exemplifica seu trabalho em grupo, misturando folk, jazz e blues. Ela destaca sua capacidade de colaborar e inovar em diferentes estilos musicais.

    Um daqueles artistas que merecem muito mais por todo o conjunto de sua obra. Apesar de nunca alcançar o estrelato comercial, sua música impactou artistas como Jimmy Page, Neil Young e Johnny Marr, consolidando seu legado como um dos maiores músicos acústicos de sua era.

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