A música sempre foi um reflexo das paixões e aversões de quem a faz. Joey Ramone, o vocalista icônico dos Ramones, não era diferente. Conhecido por sua postura rebelde e pela criação de um dos pilares do punk rock, ele tinha opiniões fortes sobre outros artistas e grupos. Essas preferências e desgostos ajudam a entender não só seu caráter, mas também como via o mundo musical.
Os Ramones foram uma banda que surgiu nos anos 1970 com um som cru e direto. Seu estilo combinava a energia do punk com influências pop dos anos 1960. No entanto, nem todos os músicos da época inspiravam admiração em Joey, alguns até provocavam reações negativas. Entre eles estavam bandas que dominavam as rádios, grupos que experimentavam novas formas musicais e até colegas de cena. Abaixo, uma lista de cinco desses artistas e as razões pelas quais eles incomodavam tanto o vocalista.
1. Eagles

Os Eagles lideraram as paradas nos anos 1970 com hits como “Hotel California” e “Take It Easy”. Para Joey Ramone, no entanto, eles representavam tudo o que o punk queria combater. Em entrevistas, ele afirmou que os Ramones eram a resposta ao domínio do som radiofônico e comercial promovido pelos Eagles. Apesar disso, ele admitiu mais tarde que algumas canções da banda tinham qualidades. “De volta aos anos 1970, eu nunca teria admitido gostar dos Eagles”, disse em 1994 à Entertainment Weekly, “mas eles tinham boas músicas”. Esse comentário revela uma mudança de perspectiva ao longo dos anos.
2. The Cure

O caso do The Cure é diferente. Enquanto os Eagles eram vistos como comerciais demais, o The Cure era criticado por outro motivo. A banda britânica se destacou na cena gótica com álbuns como “Pornography” e “Disintegration”. Joey, no entanto, não suportava seu som melancólico e lento. Durante uma transmissão do programa Ring My Bell, ele foi questionado sobre o grupo e respondeu sem rodeios: “Eu odeio o The Cure”. Para ele, a simplicidade era essencial no punk, e a complexidade sonora do The Cure não se encaixava nessa visão.
3. Sex Pistols

Os Sex Pistols são talvez o exemplo mais curioso da lista. Como pioneiros do punk britânico, eles foram contemporâneos dos Ramones e compartilharam certas ideias rebeldes. No entanto, Joey tinha sentimentos mistos sobre eles. Por um lado, admirava sua atitude desafiadora; por outro, sentia que haviam copiado o estilo dos Ramones. Uma história envolvendo Johnny Rotten ilustra essa tensão. Em uma turnê no Reino Unido, os Ramones pregaram uma peça oferecendo cerveja adulterada ao líder dos Sex Pistols. Era uma forma peculiar de demonstrar insatisfação.
4. Billy Idol

Billy Idol também despertava críticas severas. Joey via nele um exemplo de como o punk havia sido diluído para se tornar comercial. Em uma entrevista de 1987 ao jornalista Wayne Robins, ele declarou: “Billy Idol é um produto comercial, é um pacote”. Para Joey, os Ramones eram autênticos e genuínos, algo que faltava a Billy Idol e outros artistas surgidos após o movimento punk original. Sua frustração vinha do fato de que muitos pareciam capitalizar o sucesso do gênero sem preservar seus valores.
5. Ramones

Por fim, há a relação complicada de Joey com seus próprios colegas de banda. Embora amasse o som dos Ramones, ele enfrentava dificuldades pessoais dentro do grupo. As brigas com Johnny Ramone eram frequentes, especialmente devido às diferenças políticas entre eles. Joey era liberal, enquanto Johnny defendia ideias conservadoras. Para piorar, Johnny começou um relacionamento com Linda Danielle, ex-namorada de Joey, e acabou se casando com ela em 1984. Isso causou uma rixa profunda entre os dois. Além disso, conflitos com outros membros, como Tommy e Marky Ramone, marcaram sua trajetória.
Esses desentendimentos mostram que, para Joey Ramone, a música ia além das notas e letras. Ela refletia suas convicções, frustrações e esperanças. Os artistas e bandas mencionados aqui simbolizavam diferentes aspectos do que ele rejeitava no cenário musical. Desde o sucesso comercial excessivo dos Eagles até o experimentalismo do The Cure, cada um representava algo que contrastava com sua visão de autenticidade e simplicidade.
No final, as opiniões de Joey Ramone ajudam a compreender melhor sua personalidade e a filosofia por trás dos Ramones. Mesmo que suas palavras possam soar duras, elas são um lembrete de como a música pode ser profundamente pessoal. Cada crítica ou elogio feito por ele era moldado por suas experiências e pelo desejo de preservar a essência do punk.
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