John Entwistle, o baixista que moldou o som do The Who

Luis Fernando Brod
3 minutos de leitura
John Entwistle / The Who. Dezo Hoffman/Shutterstock.

John Entwistle, baixista do The Who, era conhecido como a “arma secreta e silenciosa” da banda. Enquanto Pete Townshend, Roger Daltrey e Keith Moon se destacavam pela energia e imprevisibilidade, Entwistle mantinha uma postura mais enigmática.

A banda The Who sempre chamou atenção pela qualidade instrumental. Roger Daltrey possuía um carisma notável e uma voz potente. Pete Townshend, guitarrista e principal compositor, era capaz de criar riffs marcantes. Keith Moon, na bateria, era uma figura à parte. No entanto, John Entwistle, muitas vezes menos lembrado, era considerado o mais talentoso em sua função.

Apelidado de “The Ox”, Entwistle é visto como o modelo clássico de baixista. Sua presença imponente e discreta contrastava com a forma como seus dedos se moviam no braço do baixo, sempre surpreendendo o público.

Apesar de sua personalidade tranquila, o som de seu baixo era o oposto: alto, cheio de energia, ágil e singular. Junto com Moon, ele formou uma das seções rítmicas mais dinâmicas do rock.

Entwistle também demonstrava versatilidade dentro do grupo. Embora preferisse o segundo plano, ele compôs diversos solos de baixo que complementaram grandes canções do The Who, como “My Generation” e “Who Are You”. Em algumas ocasiões, Entwistle também atuou como cantor e compositor, criando faixas como “Boris the Spider”, “Heaven and Hell” e “My Wife”. Ele ainda utilizou sua experiência com a trompa francesa (instrumento de sopro), adicionando arranjos a músicas como “The Real Me” e “Sparks”.

Uma situação em que Entwistle se impôs ocorreu no single “Substitute”. A faixa foi inicialmente pensada com um solo de guitarra, mas durante a gravação final, Entwistle assumiu o solo.

“Toquei um baixo Gibson SG de escala média com cordas de arame”, recordou Entwistle. “Quando chegou a hora do solo, como estávamos gravando e mixando virtualmente ao vivo, pensei: ‘É, isso deveria ser um solo de baixo’, então aumentei o volume e eles não conseguiram mixar, então acabou virando um solo de baixo.”

Quando o baixo começava a ganhar espaço no rock and roll, John Entwistle foi um dos primeiros a tratá-lo como instrumento principal. A mixagem tradicional dos anos 1960 costumava manter o baixo em um tom grave, mas com Entwistle isso era impossível; seu som era muito proeminente e seu talento não permitia que fosse abafado pelos outros instrumentos.

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