Kleiderman: o punk paralelo de Branco Mello e Sérgio Britto nos anos 1990

Luis Fernando Brod
2 minutos de leitura
Kleiderman. Foto: Reprodução Facebook.

O rock brasileiro dos anos 1990 foi terreno fértil para experimentações e projetos paralelos. Nesse contexto, surgiu o Kleiderman, banda formada por Branco Mello e Sérgio Britto, dos Titãs, ao lado da baterista Roberta Parisi. A proposta era direta: canções curtas, barulhentas e carregadas de humor ácido, em contraste com a produção mais elaborada de seus trabalhos principais.

Em entrevista ao podcast Desculpincomodar, Sérgio Britto revelou que o grupo quase recebeu outro nome, bem mais provocativo. “A banda chamava Richard Clayderman, né? E o [empresário] Poladian tinha os direitos do Richard Clayderman no Brasil. Quando ele soube, falou: ‘Seus filhos da [ __ ], se vocês lançarem esse disco, eu vou tirar das lojas, vou mandar recolher tudo’”, contou o tecladista.

O impasse acabou resolvido de maneira improvisada pelo artista plástico Fernando Zarif, responsável pela capa do álbum “Con el mundo a mis pies”, lançado em 1994 pela Banguela Records. Segundo Britto, Zarif colou um band-aid sobre o nome “Richard” e declarou: “Agora a banda é só Kleiderman. E resolveu nossa história”. O detalhe permaneceu no design da capa, transformando o disco em uma peça curiosa dentro da cena alternativa da época.

Embora tenha existido por pouco tempo, o Kleiderman deixou um registro singular. O álbum reúne faixas como “O amor é uma coisa feia”, “Eu vou ficar dopado” e “Nem mãe, nem puta”, todas com poucos minutos de duração e letras debochadas. Para Britto, a experiência não tinha qualquer pretensão maior: “A gente já tinha feito muito sucesso, já tinha gravado discos. Voltar para o bueiro foi divertido. A ideia nunca foi levar aquilo adiante, era só curtição mesmo”.

O Kleiderman permanece como uma lembrança de um período em que músicos consolidados buscavam escapar das amarras de suas bandas principais. No caso de Branco Mello e Sérgio Britto, o projeto reafirmou a vitalidade criativa dos anos 1990, quando o punk ainda encontrava espaço para desafiar convenções no Brasil.

LEIA MAIS:
Compartilhar esse artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *