A voz que tocava o divino, segundo Patti Smith

Luis Fernando Brod
2 minutos de leitura
Patti Smith. Foto: Reprodução.

Patti Smith sempre buscou na música um significado que fosse além de meros acordes. Ela valorizava a capacidade de transmitir emoção pura, seja pela voz ou pelos instrumentos. Sua própria obra, como o contraste em “Horses” entre “Gloria” e “Elegie”, demonstra essa busca por autenticidade e profundidade.

Após anos de rock sem inspiração, Smith encontrou um novo fôlego em bandas como o Nirvana. Kurt Cobain, com sua autenticidade, expressava emoções cruas, da fúria de “Smells Like Teen Spirit” à melancolia de “Something in the Way”, algo que Smith admirava profundamente.

Embora nunca tenha colaborado com Cobain, Smith reconheceu uma alma musical semelhante em Jeff Buckley. Admiradora do pai dele, ela se surpreendeu com a insegurança de Jeff em relação à sua própria voz, mesmo com o talento evidente em “Grace”.

Para Smith, a voz de Buckley era um dom celestial. Ela recorda um momento marcante: “Ele estava deitado no sofá com o rosto virado para o lado e eu percebi que estava chorando. Perguntei: ‘Você está bem? O que aconteceu?’. E ele respondeu: ‘Eu queria estar melhor’. E posso dizer que ele não poderia ficar melhor. Ele poderia até rivalizar com um anjo com aquela voz natural que tinha.”

Ao ouvir “Grace” ou “Sketches for my Sweetheart the Dunk”, a palavra “angelical” parece insuficiente para descrever a amplitude vocal de Buckley. Ele foi um dos maiores vocalistas dos anos 90, transformando cada canção em uma experiência única, alternando entre agudos poderosos e graves profundos.

A insegurança de Buckley, apesar de seu talento inegável, revelava seu perfeccionismo. Ele se entregava completamente à música, permitindo que sua voz alcançasse alturas emocionais, tocando a alma de quem o ouvia. Essa dedicação à perfeição, aliada à sua entrega total, é o que o distinguia.

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