A música disco, como muitos gêneros musicais, tem origens complexas e difíceis de definir com precisão. Sua evolução a partir do funk, soul e gospel torna desafiador identificar uma única “primeira música disco”. No entanto, essa complexidade não impediu o guitarrista Keith Richards de oferecer sua opinião sobre o assunto.
Embora muitos especialistas citem “Soul Makossa” de Manu Dibango (1973) como uma das primeiras influências disco, Richards olha ainda mais para o passado. Ele aponta para “Harlem Shuffle”, lançada em 1963 por Bob & Earl, como possivelmente a primeira faixa disco.
Richards argumenta que “Harlem Shuffle” apresentava elementos que mais tarde se tornariam característicos da disco, como uma batida dançante e arranjos de metais marcantes. Ele descreve a faixa como “soul-disco direto”, sugerindo que ela antecipou o som disco por mais de uma década.
Vale a pena notar que muitas músicas soul e R&B do início dos anos 60 compartilhavam características que mais tarde seriam associadas à disco. A Motown, por exemplo, produziu inúmeras faixas que poderiam ser consideradas precursoras do gênero.
Os próprios Rolling Stones experimentaram elementos disco e R&B em sua música, notavelmente em seu cover de “Harlem Shuffle” no álbum “Dirty Work” de 1986. Embora não seja considerado um de seus melhores trabalhos, demonstra a disposição da banda em explorar diferentes estilos musicais.
O interesse dos Stones em explorar diferentes gêneros reflete uma tendência mais ampla na música popular dos anos 80. Muitas bandas de rock começaram a incorporar elementos de dance music, sintetizadores e ritmos mais dançantes em sua música, em parte como resposta à ascensão da disco e, posteriormente, do new wave e do synthpop.
A afirmação de Keith Richards sobre “Harlem Shuffle” também destaca a importância de olhar além dos hits mais conhecidos ao estudar a história da música. Muitas vezes, as verdadeiras inovações e influências surgem de faixas menos famosas ou de artistas menos celebrados.
Além disso, a discussão sobre as origens da disco nos lembra da natureza cíclica das tendências musicais. Elementos que definimos como característicos da disco nos anos 70 podem ser rastreados até décadas anteriores e continuam a influenciar a música pop e dance até hoje.
É impressionante observar como artistas estabelecidos como os Rolling Stones interpretam e reinterpretam essas influências ao longo de suas carreiras. Sua versão de “Harlem Shuffle”, embora não tenha sido um sucesso crítico, demonstra como até mesmo bandas icônicas continuam a evoluir e experimentar novos sons.
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