Bob Rock gostaria de remixar Load do Metallica

Luis Fernando Brod
6 minutos de leitura
Bob Rock. Foto: Reprodução.

O produtor Bob Rock voltou a comentar uma das fases mais divisivas do Metallica em recente entrevista ao The Metallica Report. Durante o episódio 105 do podcast, Rock afirmou que gostaria de remixar o disco “Load”, lançado em 1996.

A fala reacende o debate sobre o som adotado pela banda nos anos 1990, que ainda provoca reações diversas entre os fãs. Rock produziu “Load” e “Reload”, álbuns que representaram uma guinada estilística em relação à sonoridade thrash original do grupo.

Lançado em 4 de junho de 1996, “Load” marcou o retorno do Metallica após cinco anos sem álbum de estúdio. Com produção cuidadosa e longa duração, o disco trouxe influências de blues, hard rock e Southern Rock.

Em vez de riffs velozes e estruturas agressivas, o grupo investiu em um clima mais denso, cadenciado e introspectivo. A mudança refletiu não apenas no som, mas também na estética da banda, com cortes de cabelo e figurinos diferentes.

Críticos como os do jornal The Independent elogiaram o disco na época, chamando-o de “uma nova abordagem ao boogie rock”. A comparação com Lynyrd Skynyrd foi mencionada como referência ao uso de grooves e timbres típicos do rock sulista.

Já para parte dos fãs antigos, o novo estilo parecia distante da identidade forjada em álbuns como “Ride the Lightning” e “Master of Puppets”. Apesar das críticas iniciais de parte do público, “Load” foi um sucesso comercial imediato.

O álbum estreou em primeiro lugar na Billboard 200, com 680 mil cópias vendidas na primeira semana nos Estados Unidos. Ao longo dos anos, ultrapassou a marca de 5 milhões de unidades vendidas no país, recebendo certificado 5x Platina.

No exterior, o disco também obteve bom desempenho, com vendas mundiais superiores a 13 milhões (soma com “Reload”). O disco seguinte, “Reload”, lançado em novembro de 1997, veio das mesmas sessões e manteve o tom geral, com leves diferenças.

Faixas como “Fuel” e “The Memory Remains” apresentaram sonoridade mais pesada, mas ainda distantes do thrash dos anos 1980. Apesar da recepção dividida, “Reload” também chegou ao topo da Billboard e vendeu mais de 3 milhões de cópias nos EUA.

No podcast, Bob Rock mencionou (via Metal Injection) que gostaria de revisitar “Load” com um novo remix. Segundo ele, o álbum poderia ganhar mais nuances se retrabalhado com os recursos atuais de produção e mixagem.

O produtor citou a reação positiva de seus filhos à época, como indício de que o álbum envelheceu melhor do que se pensava. “O disco é querido por muitos que cresceram com ele”, disse Rock, ao falar sobre a conexão com ouvintes mais jovens.

Músicas como “Until It Sleeps”, “Bleeding Me” e “King Nothing” continuam a aparecer nos setlists da banda com frequência. Além disso, faixas como “The Outlaw Torn” passaram a receber maior reconhecimento com o passar dos anos.

Rock acredita que o distanciamento do som thrash foi uma escolha consciente e que ainda merece ser ouvida com outros ouvidos. Lars Ulrich como peça central na construção do som Na mesma entrevista (via Loudwire), Bob Rock comentou a forma de tocar do baterista Lars Ulrich.

Ele comparou Ulrich a nomes como Keith Moon (The Who) e John Bonham (Led Zeppelin), ao destacar sua interação com James Hetfield. “Lars toca para James. Os versos são os riffs dele”, afirmou Rock durante o programa.

Segundo ele, o estilo de Ulrich, por vezes criticado, é parte essencial da identidade sonora do Metallica. Rock citou a demo de “Sad But True” como exemplo de como a bateria moldava a atmosfera da música.

A referência à clássica “When the Levee Breaks”, do Led Zeppelin, ajudou a ilustrar a conexão entre ritmo e peso. “Acho que ele é um gênio”, disse o produtor, ao defender a abordagem nada convencional de Ulrich nas gravações.

Com “Load” prestes a completar 30 anos em 2026, a possibilidade de um remix reacende o interesse por esse período da banda. A edição remasterizada de “Load”, lançada em 2025 como parte do relançamento de catálogo do Metallica, também contribuiu para essa redescoberta.

A nova versão reacendeu discussões sobre a produção original, a mixagem e os arranjos das faixas. Embora ainda cause divisões, o álbum permanece relevante na trajetória da banda e na formação de novos fãs.

Para os que descobriram o Metallica nos anos 1990, “Load” ainda representa um ponto de entrada afetivo e sonoro. E para os ouvintes mais antigos, pode ser a chance de ouvir com outros critérios um disco que, por anos, foi visto com desconfiança.

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