Jimmy Page e Brian May criticam uso da inteligência artificial na música

Jimmy Page e Brian May se manifestaram contra o avanço da inteligência artificial (IA) na música, alertando para os riscos de desvalorização da criatividade e prejuízos financeiros aos artistas. Ambos se juntaram a nomes como Paul McCartney e Bon Jovi, que também expressaram preocupação sobre o tema.

May comentou o assunto ao apoiar uma campanha do Daily Mail contra uma proposta do Partido Trabalhista do Reino Unido. O projeto permitiria que empresas de tecnologia usassem material protegido por direitos autorais para treinar IA, a menos que os detentores dos direitos optassem por impedir.

Page, por sua vez, publicou um texto nas redes sociais no qual defendeu a importância de proteger a criatividade humana. O guitarrista destacou a necessidade de estabelecer políticas que evitem a exploração da arte por sistemas automatizados.

Brian May critica grandes empresas de tecnologia

May demonstrou pessimismo em relação ao futuro da música. Em entrevista na semana passada, ele afirmou que o uso da IA pode tornar impossível para os artistas ganharem a vida com sua arte.

“Meu medo é que já seja tarde demais. Esse roubo já foi realizado e é imparável”, disse. “Os donos bilionários da IA e das redes sociais estão avançando sobre nossas vidas sem limites.”

Apesar disso, o músico elogiou a campanha que busca conscientizar o público sobre o uso não autorizado de criações artísticas. Ele espera que o movimento ajude a limitar o alcance da tecnologia sobre os direitos dos músicos.

Jimmy Page pede valorização do toque humano

Page relembrou sua trajetória, desde os primeiros anos como músico de estúdio até o reconhecimento com o Led Zeppelin. Para ele, a improvisação e a conexão entre artistas são elementos fundamentais que a IA não pode reproduzir.

“Essa jornada do anonimato do trabalho de sessão para os palcos globais com o Led Zeppelin não foi pavimentada por algoritmos”, afirmou. “Foi um caminho de experimentação, colaboração e da faísca não quantificável da criatividade humana.”

O guitarrista também criticou a forma como sistemas de IA coletam material sem autorização. “Quando a IA raspa a vasta tapeçaria da criatividade humana para gerar conteúdo, ela frequentemente o faz sem consentimento, atribuição ou compensação. Isso não é inovação; é exploração”, disse.

Para ele, se alguém tivesse utilizado seu trabalho sem permissão no passado, seria considerado roubo. “O mesmo padrão deve ser aplicado à IA”, concluiu.

Outros músicos reforçam o debate

Paul McCartney também se posicionou contra as propostas do governo britânico relacionadas à IA. Em entrevista à BBC em janeiro, o ex-Beatle cobrou mais proteção aos artistas.

“Nós somos o povo, vocês são o governo! Vocês deveriam nos proteger. Esse é o seu trabalho”, afirmou.

No ano passado, mais de 200 músicos assinaram uma carta da Artist Rights Alliance pedindo mais controle sobre o uso da IA na música. Entre os signatários estavam Pearl Jam, Bon Jovi, R.E.M., Elvis Costello e Stevie Wonder. O documento alertava que o modelo atual de desenvolvimento da tecnologia poderia prejudicar a criatividade e comprometer a remuneração justa dos artistas.

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