No início de julho, o guitarrista KK Downing retorna a Birmingham para um show que promete reunir nomes históricos do heavy metal. O evento beneficente Back to the Beginning, marcado para 5 de julho, celebra as origens do gênero na cidade que moldou o som pesado.
“Estou muito ansioso”, disse Downing ao programa Loudwire Nights, exibido no dia 27 de junho. O músico reforçou o orgulho de participar, ainda que brevemente, da reunião de veteranos da cena local. “Só de fazer parte disso já será algo gratificante”, afirmou ao apresentador Chuck Armstrong.
Apesar do caráter único do evento, Downing não descarta a possibilidade de novas edições: “seria maravilhoso levar isso ao redor do mundo, mas quem sabe?”, comentou o guitarrista, mantendo os pés no chão. Se este for o único show, acredita ele, terá um valor ainda mais especial para todos os envolvidos.
A ocasião também trouxe memórias dos primeiros passos do Judas Priest em Birmingham, na virada para os anos 1970. Na entrevista, Downing lembrou o início da relação com o Black Sabbath, que também dava seus primeiros passos naquela época. “Fui vê-los algumas vezes bem no começo”, contou, destacando um show em um salão maçônico em Walsall.
Segundo ele, o Sabbath havia acabado de adotar esse nome e já dividia o palco com o Priest em pequenos eventos locais. Ver os conterrâneos conquistarem espaço deu mais confiança à sua própria banda.
“O sucesso deles foi bom para nós, porque provava que havia um caminho possível”, explicou. Havia, segundo Downing, uma afinidade entre os dois grupos, apesar das diferenças musicais: “a sinergia existia. A gente apoiava muito o que eles faziam e torcia para que desse certo.”
O lançamento do primeiro disco do Sabbath em 1970 foi um sinal positivo para o Judas Priest seguir em frente. “Se eles conseguiram um contrato, talvez a gente também conseguisse”, refletiu Downing, que logo depois veria sua banda chegar às gravadoras.
O reencontro com as raízes não ficou apenas no campo da memória. Downing também lançou uma nova gravação da música “Never Satisfied”. A faixa pertence ao disco Rocka Rolla, álbum de estreia do Judas Priest, lançado em 1974. Revisitar a canção, diz ele, foi como entrar numa cápsula do tempo.: “muita nostalgia. Me diverti muito fazendo isso”, contou durante a entrevista.
A nova versão conta com os vocais de Tim “Ripper” Owens, ex-vocalista do próprio Judas Priest entre 1996 e 2003. Segundo Downing, a ideia surgiu após a Reach Music Publishing adquirir os direitos dos dois primeiros álbuns da banda. “Depois de 50 anos, parece que os discos voltaram para casa”, disse o guitarrista com entusiasmo.
Downing revelou que as fitas originais da época foram encontradas em boas condições. As bobinas analógicas permitiram uma nova adaptação para os padrões de áudio atuais. “É como um conto de fadas que se tornou realidade”, definiu, ao comentar o processo de remasterização e regravação. Havia outras opções de faixas para relançar, mas “Never Satisfied” pareceu a escolha mais adequada para o momento.
“Fiquei muito feliz com a decisão e curioso para ver como seria tocar isso de novo”, contou. Essa releitura representa também um gesto simbólico: o retorno de Downing às origens, tanto musicais quanto geográficas.
Birmingham, o Sabbath, o Priest e as velhas fitas de rolo seguem conectadas — agora com novos capítulos sendo escritos.