Terry Reid, músico que recusou o Led Zeppelin, morre aos 75 anos

Luis Fernando Brod
4 minutos de leitura
Terry Reid. Foto: Michael Putland/Getty Images.

O cantor e guitarrista Terry Reid morreu aos 75 anos, após uma batalha contra o câncer. A informação foi confirmada por sua equipe, semanas depois do cancelamento de uma turnê que já alertava para complicações médicas. Conhecido como “Superlungs” — apelido cunhado por sua voz potente —, Reid ficou famoso tanto por sua música quanto por decisões que moldaram sua trajetória de forma incomum.

Durante décadas, ele foi citado como o artista que disse não ao Led Zeppelin e ao Deep Purple. Ainda assim, sua influência sobre o blues britânico e o início do hard rock é inegável. Começou nos anos 1960 como vocalista da banda Peter Jay and the Jaywalkers, que chegou a abrir para os Rolling Stones em 1966, em turnê pelo Reino Unido.

A relação com os Stones foi crucial para um dos momentos decisivos de sua vida. Em entrevista à Classic Rock em 2023, Reid contou como recusou entrar no projeto de Jimmy Page, que mais tarde se tornaria o Led Zeppelin. “Keith [Richards] me convidou para abrir os shows dos Stones nos EUA”, relembrou. “Logo depois, Jimmy quis que eu me juntasse à nova banda dele. Mas disse que ele mesmo teria que conversar com o Keith.”

Reid nunca teve essa conversa. “Jimmy sabia da reputação do Keith. Disse que não ia se colocar nessa situação. Então fui com os Stones”, contou o músico, que chegou a tocar com a banda no festival de Altamont, em 1969. O episódio é lembrado até hoje pela tragédia ocorrida durante a apresentação dos Stones.

Outro convite recusado foi do Deep Purple, que o procurou após a saída de Rod Evans. Reid, novamente, preferiu manter sua carreira solo. Suas decisões o afastaram de grandes palcos, mas garantiram autonomia artística. Isso também ajudou a construir seu status de “herói cult” da música britânica dos anos 70.

Seu álbum de estreia, “Bang Bang, You’re Terry Reid” (1968), produzido por Mickie Most, mostrava um músico versátil, que transitava entre soul, psicodelia e rock. Já nos anos 70, com o disco “River”, gravado nos Estados Unidos e produzido por Tom Dowd, Reid adotaria uma sonoridade mais introspectiva, marcada por arranjos sutis e uso de slide guitar.

Apesar de nunca ter alcançado sucesso comercial amplo, Reid era constantemente citado por músicos de diferentes gerações. Joe Bonamassa, guitarrista de blues contemporâneo, liderou as homenagens após a notícia da morte: “Foi uma honra conhecê-lo como amigo e mentor musical”, escreveu em suas redes sociais. “Sentirei falta dos nossos encontros e histórias em Palm Springs.”

Reid passou seus últimos anos longe dos holofotes, mas seguia gravando e fazendo pequenas turnês. Recentemente, vinha enfrentando complicações decorrentes do tratamento contra o câncer, o que levou ao cancelamento de datas já programadas em 2025.

Sua trajetória é marcada por escolhas pessoais que desafiaram as expectativas da indústria. Mais do que as bandas que não integrou, Reid será lembrado pela integridade com que conduziu sua carreira e pela admiração silenciosa que conquistou entre músicos e colecionadores.

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