Frankenstein, clássico de Mary Shelley, ganha um novo filme, e já está disponível na Netflix. Mas outro? Sim — e melhor, diremos o motivo.
Criado em 1818 por Mary Shelley, o livro Frankenstein ou O Prometeu Moderno é considerado a primeira obra de ficção científica da história. A história já foi adaptada ao teatro, produzida por Thomas Edison, com Charles Ogle no papel da criatura. A popularização veio em 1931, com Boris Karloff interpretando o Monstro. Em 1974, Mel Brooks lançou o clássico da comédia O Jovem Frankenstein, uma adaptação com Gene Wilder no papel de Victor Frankenstein e Peter Boyle como o personagem-chave.
Viria ainda a inspirar Edward Mãos de Tesoura, de Tim Burton. Desta vez, o clássico ganha vida novamente pelas mãos de Guillermo del Toro, que assina a produção, o roteiro e a direção. O elenco conta com Oscar Isaac como Victor Frankenstein, Jacob Elordi como a Criatura e Mia Goth interpretando Elizabeth.
O que faz o filme ser tomado por “vida” é a decisão do diretor de construir objetos e cenários em escala real, proporcionando uma imersão detalhista. Em entrevistas, del Toro revelou: “tudo foi criado, e grande parte foi feita à mão. Locações, sets, navios, marionetes — tudo real”.
Apesar de todo o estilo clássico que gira em torno do Monstro, del Toro é quem mais se aproxima da essência de Mary Shelley. O filme segue à risca a obra original, com pouquíssimas licenças poéticas, para contar a história de Victor e sua Criação.
Apesar de toda a ideia de que Victor é um cientista louco, é percebido no decorrer do filme que ele não passa de uma figura trágica. É a união clássica da obssessão, culpa, desespero e no final arrependimento.
Frankenstein – Sobre o filme (sem spoilers)
Dividido em duas partes, o longa nos leva à infância do cientista/médico e às origens da ideia de desafiar a normalidade da vida após a morte de sua mãe. Com Charles Dance no papel do pai, o irmão mais novo, William Frankenstein, é interpretado por Felix Kammerer.
Na segunda parte, somos apresentados à ótica do Monstro, ao que aconteceu após a tentativa de sua destruição e ao desfecho final da história.
Assim, del Toro entrega uma adaptação que foge totalmente do horror tradicional. O resultado é uma história intensa, emocional e profundamente humana, que desperta a reflexão sobre rejeição e pertencimento. Ademais, seu maior desejo é encontrar amor e aceitação; mas quando esse desejo lhe é negado, ele jura vingança contra seu criador E, mais do que tudo, traz uma pergunta poderosa: “o que é a humanidade em si?”.
Diante de tantas tentativas de humanizar certos atos e pessoas e que o cinema, seja nacional ou internacional, esteja tentando fazer nos últimos tempos, o filme acerta.
Ponto para Mary Shelley. Ponto para del Toro. Ponto para a Netflix — que está precisando também.



