No meio do colecionismo, em algumas rodas de conversas, sejam elas presenciais ou virtuais, sempre surgem algumas perguntas do tipo: “qual seu top 5 preferido de tal banda?”, ou “qual o melhor disco de tal banda”, entre outras. E, quase sempre, há uma pergunta capsiosa, danadinha, que faz gente querer pensar: “Se você fosse pra uma ilha deserta, qual disco você levaria?”.
Pensando nisso e inspirado pela revista Spin, resolvi começar uma nova coluna aqui no Disconecta: 5 álbuns sem os quais não consigo viver. Porque sempre é assim, por mais que você faça uma lista, sempre vai ter aquele disco que estará em todas as listas, todas às vezes que você fizer. Sendo assim, esta coluna tem o intuito de trazer para você leitor do Disconecta, um breve perfil, digamos assim, dos convidados que futuramente participarão desta coluna.
A ideia é convidar pessoas para escreverem sobre estes 5 álbuns sem os quais não conseguimos viver e explicar o porque a sua conexão com eles. A música tem o poder de marcar momentos, definir fases da vida e até mesmo salvar nossos dias. Alguns álbuns se tornam tão essenciais que, sem eles, nossa playlist (e nossa alma) parece incompleta.
Hoje então, compartilho com vocês aqueles que eu simplesmente não consigo viver sem.
Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
Já contei esta história diversas vezes. Era o início minha jornada musical e o Guns bateu em mim como um petardo. A sonoridade, os timbres, aquela foto no verso disco, era tudo o que eu sonhava em ser: um rockstar rebelde! A vida realmente é uma caixinha de surpresas. O mais louco disso é que eu comprei o vinil em 1991 e, pra conseguir ele, eu tive que fazer um malabarismo. Imagina você chegar em casa com um disco desse embaixo do braço, com aquela capa proibida e com a contracapa os membros da banda parecendo um bando de foras da lei? Eu iria ser excomungado.
Ai tive uma brilhante ideia. Quando fui pedir o dinheirinho pra minha mãe, pra ir na eletrônica onde o disco era vendido (sim, nessa época haviam alguns discos que eram vendidos em uma eletrônica, comprei dois Rainbow lá por R$ 3,00, mas conto esta história em outro momento) – pensei: eu não vou comprar um disco do Guns N’ Roses, vou falar que é um disco do New Kids On The Block. É, a história colou e minha vida nunca mais foi a mesma.

The Cult – Electric
Não adianta, esse disco vai estar comigo sempre, aonde quer que eu vá, parafraseando Herbet Vianna. Que disco maravilhoso, ele é bom do início ao fim. É tão bom, mas tão bom que eu tenho duas cópias dele. É o Cult assumindo seu lado mais selvagem, guitarreiro, hard rock do começo ao fim. Junto com o Appetite for Destruction e o Back for the Attack do Dokken, são os discos que sintetizam o hard rock em 1987 e nos anos seguintes.
Electric é um desfile de riffs, de singles, de timbres, de bom gosto de tudo o que você possa imaginar. Não consigo imaginar uma lista sem ele estar presente nela.

The Beatles – Revolver
Eu só posso escolher um disco de minha banda favorita. Indo na contramão de quase metade dos fãs que podem achar que eu escolheria o Abbey Road, Revolver é um disco com o qual eu tenho uma conexão muito, muito forte. Foi o disco que me acompanhou muito tempo quando morei fora, quando caminhava pelas ruas, pensando em ser um músico famoso, quando eu achava que poderia ser um Beatle.
Foi o disco que, junto com o Dark Side of the Moon, acalentou várias de minhas noites solitárias, me fazendo viajar pra outros lugares. É o disco de transição da banda e tem uma de minhas músicas preferidas deles, And You Bird Can Sing e é o disco que mostrava que os Beatles estavam amadurecendo e tornando-se adultos (assim como eu).

Radiohead – OK Computer
Esse é outro daqueles discos de vida. Sabe aquele disco que parece ter sido escrito pra você? OK Computer é um deles. Eu descobri o Radiohead em 1998, por conta da propaganda do Carlinhos, com a música Fake Plastic Trees. Mas foi com OK Computer e suas Karma Police e, principalmente No Suprises que eu entendi, naquele momento, que o mundo era muito mais que heavy, trash e metal pesado, que a música poderia ser bem mais.
Pra mim ele é uma daquelas obras-primas irretocáveis, surgidas na hora certa, no momento certo. E um disco à frente de seu tempo que, além de sua sonoridade inovadora, as letras de Thom Yorke mergulharam em temas como alienação, tecnologia desumanizadora, capitalismo e a crise existencial do mundo moderno. Lindo do início ao fim.

Joy Division – Unknow Pleasures
Digo o seguinte: Se não fosse por este disco, talvez o Radiohead não existisse. É um mergulho profundo na escuridão e no desespero existencial. Com a voz fantasmagórica de Ian Curtis e batidas minimalistas, o álbum retrata solidão, angústia e uma beleza sombria atemporal.
As músicas capturam a fragilidade humana e, junto com a produção do disco, cria um clima claustrofóbico. Uma obra prima da melancolia, que inspirou toda uma geração e ajudou a criar todo um movimento. Perfeição!

Muitos discos ficaram de fora sim. Mas a ideia é esta mesmo, fazer um exercício de conexão, de pensamento e conhecer, daqui pra frente, quais seriam os 5 discos sem os quais não consigo viver.
Bora embarcar nessa viagem?
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