
O nome Akuã carrega em si o sopro ancestral e o chamado da floresta. Inspirado pela força e pela espiritualidade dos povos originários, o termo evoca o elo profundo entre o ser humano e a natureza, ecoando como um canto que atravessa o tempo. Sob essa essência, nasceu em 2016 (E.V.) a banda paulistana AKUÃ, com a missão de resgatar e preservar a cultura lírico-poética indígena por meio de seus cânticos e narrativas musicais.
Desde sua fundação, o grupo assumiu a ambiciosa proposta de interpretar, com autenticidade e respeito, tradições que outrora estiveram em ascensão e que hoje resistem para manter viva a chama de sua existência. Essa identidade é refletida não apenas nas composições, mas também na postura artística, que busca unir música e ancestralidade como um só corpo.

A trajetória discográfica da banda começou com o lançamento da demo “Akuã” em 2019, obra que apresentou ao público o caráter ritualístico e a força temática de suas canções. Em 2021, veio o relançamento em cassete de “Orgulho Nativo”, reafirmando o compromisso com a valorização da memória e dos formatos tradicionais de preservação cultural. Agora, em 2025, a banda prepara o material ao vivo “Dzules”, registrado em CD-Pro, capturando a energia crua e espiritual das apresentações.
Formada por três guerreiros da música, Wolf Woman (guitarrista), Chi’Hell (baterista) e F.M.E. Ikikunari (vocalista, instrumentos de sopro e percussão), a AKUÃ constrói um som que transcende as barreiras do simples entretenimento para se tornar uma verdadeira experiência sensorial e espiritual. As camadas sonoras, carregadas de riffs densos e percussões ritualísticas, dialogam com sopros que evocam ventos antigos e vozes que ecoam como mantras, criando atmosferas capazes de transportar o ouvinte para o coração da mata.
Cada apresentação é concebida como um rito, em que o palco se transforma em aldeia e o público, em parte da tribo, participando ativamente dessa imersão cultural. O figurino, os adereços e a presença cênica dos músicos reforçam o simbolismo e a conexão com a tradição indígena, tornando o espetáculo algo que vai além da música para se configurar como um ato de resistência cultural.
A AKUÃ, em sua jornada, não apenas revisita o passado, mas também dialoga com o presente, denunciando as ameaças e injustiças enfrentadas pelos povos originários, ao mesmo tempo em que celebra suas conquistas e saberes. Em suas letras, o idioma se torna ponte, mesclando o português, palavras de línguas indígenas e expressões rituais, criando uma poética única que flui como um rio sagrado, carregando histórias, lendas e ensinamentos que atravessam gerações. Essa fusão linguística não é mero artifício estético, mas um gesto político e cultural, reafirmando que a palavra é também território e que manter vivas essas vozes é preservar a própria memória da terra.

O som da banda se nutre tanto das raízes tradicionais quanto de influências modernas, criando uma identidade sonora singular que mistura a intensidade do rock e do metal com a espiritualidade dos cânticos ancestrais. Os arranjos, muitas vezes hipnóticos, são construídos para envolver o ouvinte em um transe, conduzindo-o por caminhos que alternam entre a força guerreira e a contemplação serena da natureza.
Nas composições, elementos da fauna, flora e cosmologia indígena surgem como personagens vivos, interagindo com os músicos e com o público, reforçando a noção de que tudo está interligado. Assim, cada acorde, cada batida e cada sopro tornam-se parte de uma grande narrativa sonora que se entrelaçam como raízes profundas, conectando tempos e lugares distantes. Esses caminhos sonoros conduzem a paisagens que ora evocam a força guerreira das tribos em defesa de seu território, ora revelam a serenidade contemplativa das noites sob o céu estrelado da mata.
Em “Akuã”, esse percurso começa de forma quase instintiva, como se a banda estivesse descobrindo, junto ao público, a potência de sua proposta. Já em “Orgulho Nativo”, percebe-se um amadurecimento lírico e musical, onde a mensagem se torna mais direta e a sonoridade mais lapidada, mas sem perder o caráter ritualístico. “Dzules”, por sua vez, é o momento em que a AKUÃ se despe de qualquer mediação de estúdio e se apresenta em seu estado mais puro: a energia bruta de um espetáculo vivo, com sua troca emocional e espiritual intacta.

Cada obra, embora distinta, dialoga com as demais, formando um mosaico sonoro e cultural que cresce a cada novo lançamento. O fio condutor é sempre a preservação e valorização das culturas indígenas, mas a cada passo essa missão se expande, incorporando novas texturas, experimentando novas formas de narrativa e ampliando o alcance da mensagem. É dessa forma que a banda segue, com firmeza e paixão, trilhando um caminho que se estende como um rio que encontra novos afluentes, levando sua mensagem para territórios que antes pareciam inalcançáveis. A AKUÃ tem conseguido abrir espaços em palcos e públicos diversos, rompendo barreiras culturais e mostrando que a música, quando guiada por verdade e propósito, pode tocar até os corações mais distantes.
A força dessa caminhada está enraizada na singularidade de cada integrante. Wolf Woman expressa-se através de riffs que são como trovões sagrados, capazes de estremecer e purificar; sua guitarra é ponte entre a fúria e a contemplação. Chi’Hell, com sua bateria precisa e orgânica, imprime o compasso do coração da terra, como se cada batida fosse um chamado ancestral que ecoa além do tempo. F.M.E. Ikikunari, com sua voz ritualística, instrumentos de sopro e percussão, é o narrador e o xamã da jornada, guiando a audiência entre o mundo visível e o invisível.

Juntos, eles formam uma unidade que não apenas cria música, mas constrói experiências, libertando sons que carregam histórias, causas e espiritualidade. A forma única com que a AKUÃ se expressa dá voz a um tema que necessita de espaço a valorização e preservação das culturas indígenas e que, pela força de sua arte, vem alcançando lugares inexplorados, tocando mentes, despertando consciências e abrindo caminhos para que essas vozes ancestrais jamais se percam no silêncio da história. A AKUÃ, com sua música que é rito, manifesto e celebração, segue avançando como guardiã de memórias e construtora de pontes entre culturas. Ao unir tradição e contemporaneidade, o grupo não apenas entretém, mas provoca, ensina e inspira, reafirmando que a arte pode ser uma poderosa arma na luta pela preservação da identidade e da vida. E assim, com cada acorde, cada batida e cada sopro, a banda continua a expandir seus horizontes, levando consigo a chama viva da floresta para iluminar novos caminhos no coração e na consciência de todos que ouvem seu chamado.
AKUÃ é formado pelos seguintes guerreiros:
Wolf Woman – Guitarrista
Chi’Hell – Baterista
F.M.E. Ikikunari – Vocalista, Instrumentos de Sopro e Percussão.
Contatos:
E-mail: akua_indigenous@hotmail.com
Instagram: www.instagram.com/akuablackmetal
Selo: www.instagram.com/unholywarproductiondist