Você já leu aqui na Disconecta uma matéria onde falamos sobre o Butt Rock, aquele que representou tanto o auge comercial quanto a suposta decadência artística do rock mainstream americano. Caracterizado por riffs pesados mas previsíveis, refrões pegajosos e uma estética que priorizava o apelo radiofônico, este movimento musical tornou-se simultaneamente um dos mais lucrativos e desprezados da história do rock moderno.
Butt rock costuma designar a segunda leva do pós-grunge — um período em que bandas como Bush e Candlebox abriram caminho para nomes como Nickelback e Seether. Esse estilo dominou as rádios de rock entre meados e o fim dos anos 2000, marcando talvez a última grande onda do gênero a alcançar popularidade realmente mainstream.
A Metal Injection elencou 10 grandes músicas que, até hoje, costumam fazer até o mais roqueiro mais true a bater o pé quando toca em rádios ou festas. Confira logo abaixo:
Creed – My Sacrifice
Você pode até não gostar deles mas convenhamos: a guitarra de Mark Tremonti é um espetáculo, da introdução etérea aos acordes gigantes do riff principal. E, na boa, quantos hinos do rock falam sobre reacender uma amizade antiga? Sobre simplesmente dizer ao seu melhor amigo, ou melhor amiga, o quanto você o ama? É uma ideia simples, mas carregada de beleza.
Flyleaf – I’m So Sick
A voz de Lacey Sturm não tem paralelo. Ela carrega uma combinação rara: a delicadeza juvenil misturada à angústia de quem está descobrindo o peso da vida adulta. Dá para dizer que toda a estreia do Flyleaf poderia estar nesta lista — Fully Alive, All Around Me, Cassie… é uma sequência de faixas marcantes. Mas I’m So Sick é o grande destaque: construída sobre um riff avassalador, um refrão que explode na medida certa e os gritos cortantes de Sturm, que elevam tudo a outro nível.
Three Days Grace – I Hate Everything About You
Three Days Grace surgiu como um dos principais nomes da segunda onda do pós-grunge — uma cena que começou promissora, mas depois abriu espaço para bandas como Hinder e Theory of a Deadman. Ainda assim, I Hate Everything About You continua atual graças ao riff marcante e ao refrão que gruda de imediato. E, claro, aquela bateria inconfundível… você sabe exatamente qual.
Breaking Benjamin – The Diary of Jane
Este é o auge do butt rock. E, sim, é uma música muito bem construída. O refrão é enorme, a bateria segura tudo com firmeza e complementa a guitarra com uma precisão quase cirúrgica. Os vocais têm aquela medida exata: acessíveis para o ouvinte casual, mas ainda intensos o bastante para agradar quem vem do underground. E pense bem — quantas quebras de ritmo você ouvia no rádio antes dessa faixa? The Diary of Jane antecipou, como poucas, o caminho que o rock radiofônico tomaria, abrindo espaço para influências mais pesadas na década seguinte.
Stone Sour – Bother
Só Corey Taylor conseguiria mergulhar de cabeça nesse rock visceral e, ao mesmo tempo, manter o status de lenda. Os músicos do Stone Sour sempre foram excelentes, mas Taylor tem um dom particular: ele transforma emoção bruta em interpretação vocal. E não há problema algum em uma balada de soft rock que arranca um pedaço do coração — especialmente quando é construída com tanta sensibilidade e poesia.
Chevelle – The Red
O Chevelle domina a arte de criar um single tipicamente butt-rock — ainda mais quando o tema é o mais butt-rock possível: pura raiva. O riff parece arrastar você por um lago de piche, pesado e denso, enquanto o refrão de The Red surge com uma melodia forte e imediata. É uma faixa que atravessou os anos com surpreendente firmeza.
Disturbed – Stricken
“Stricken”, do Disturbed, é tão firme no ritmo que daria para erguer uma casa em cima dele. A faixa também destaca o melhor da voz de David Draiman — nosso vocalista favorito com piercing no lábio atinge notas altas como se quisesse encharcar o ar inteiro de nu-metal. Um clássico dos tempos recentes, sem dúvida.
Smile Empty Soul – Bottom of the Bottle
O Smile Empty Soul emplacou vários momentos fortes no álbum de estreia de 2003 — da intensidade de Nowhere Kids ao clima sombrio de Silhouettes. Mas Bottom of a Bottle foi quem realmente estourou, enfrentando de frente o tema do uso de drogas e álcool no refrão. É o tipo de hit que parece arrancar a pele e, ao mesmo tempo, faz pensar por que a banda nunca alcançou um destino semelhante ao que o Shinedown conquistou.
Filter – Welcome to the Fold
Será que dá mesmo para chamar essa faixa de butt rock? Ela traz aquele riff clássico de “sou um cara bravo e irritado”, acompanhado pela alternância vocal entre o macho durão e o sujeito vulnerável. A música funciona perfeitamente do começo ao fim — e ainda tem um clipe subestimado em que vans lotadas cruzam o deserto para assistir a um enorme cubo de água.
Velvet Revolver – Slither
É difícil classificar o Audioslave como butt rock… mas o Velvet Revolver entra nessa categoria sem qualquer hesitação. Ter um dos grandes vocalistas do grunge no comando já eleva tudo, enquanto a formação com músicos de uma das bandas mais marcantes dos anos 80 garante peso e identidade. O supergrupo STP/GN’R acertou em cheio desde o início, e Slither — inesquecível — abriu uma trajetória brilhante, ainda que curta, para o Velvet Revolver.



