O Idlewild, formado em Edimburgo em 1995, lançou no último dia 3 de outubro seu décimo disco de estúdio, autointitulado, e primeiro trabalho de inéditas desde Interview Music (2019).
Em seus primeiros álbuns — especialmente no terceiro e mais celebrado deles, The Remote Part (2002) — os escoceses consolidaram uma sonoridade fortemente influenciada pelo peso do post-hardcore, sem abrir mão do lado mais emocional de clássicos grupos britânicos, em especial o The Smiths.

Além disso, o Idlewild sempre foi um daqueles grupos imunes ao hype e, com exceção natural dos fãs residentes na terra da rainha, permanece para muitos como um dos daqueles segredos bem guardados que a música pop de tempos em tempos oferece.
Nos trabalhos mais recentes, numa tentativa natural de escapar da estagnação de uma carreira próxima dos 30 anos, o grupo optou por reduzir o volume das guitarras, com eventuais exceções. O resultado foram discos que, embora não se afastem completamente de sua sonoridade clássica, apresentaram resultados mistos em termos de repertório, bem como de recepção de público e crítica.
Passado esse período, e após um hiato de seis anos, o novo álbum chega com um clima de celebração por parte do grupo liderado pelo vocalista Roddy Woomble — também dono de uma bela e discreta carreira solo —, em um momento em que a banda parece confortável com o tamanho e a relevância que alcançou.

Não à toa, a tranquilidade da atual fase do Idlewild reflete a vida pessoal de Woomble em Iona, uma pequena ilha do arquipélago das Hébridas, na Escócia (como relatado em recente entrevista sua ao portal The Quietus).
Apesar disso, é ótimo constatar que a maturidade dos anos de estrada — e o cotidiano em paisagens bucólicas — não enfraqueceram os potentes ganchos e os refrões curtos e marcantes da fase inicial do grupo. Retornam também os riffs dinâmicos e característicos da guitarra de Rod Jones, agora acompanhados de um discreto piano que dita o ritmo, em faixas como Stay Out of Place e I Wish I Wrote It Down. Por vezes, especialmente no encerramento com End With Sunrise, fica a impressão de que as canções poderiam durar bem mais, com seus epílogos guitarreiros se estendendo indefinidamente — talvez algo reservado para as versões ao vivo.
Idlewild, o álbum, não traz grandes novidades, mas revisita o melhor da história do grupo com um gás renovado. Assim como o vocalista em sua vida pessoal, para os fãs de longa data o disco soa como uma volta para casa.