Os lançamentos de 2025 chegam como constelações dispersas no mesmo céu. Não existe topo, não existe base. Cada obra ocupa seu próprio espaço, com sua própria gravidade, sua própria ferida brilhando no escuro. Comparar seria trair o que cada uma carrega de único. Este ano não é uma corrida, é um mosaico vivo onde cada banda coloca um fragmento de si e, juntos, formam algo maior que qualquer ordem numérica.
O metal brasileiro respira em muitas direções. Uns caminham pela ruína, outros pelo fogo, outros pelo luto que ecoa devagar. Não importa a posição em uma lista. Importa o impacto. Importa o gesto de entregar algo verdadeiro ao mundo. Em 2025, cada lançamento é uma voz distinta gritando no mesmo abismo. Cada um especial, cada um necessário. Cada um escrevendo sua própria fissura no tempo.
10 – Creature – (Creatures II)
Creatures retorna em 2025 com Creatures II, um lançamento que reafirma sua força no heavy metal brasileiro. O álbum nasceu entre setembro de 2024 e março de 2025, gravado no Heavy Tron Studio e lançado pela High Roller Records. Aqui a banda abandona qualquer ornamento desnecessário e entrega um metal direto, firme, com guitarras afiadas, vocais intensos e uma produção que privilegia a energia crua. As faixas avançam como lâminas, misturando peso, melodias clássicas e uma atmosfera sombria que eleva o disco acima do comum. É um lançamento simples na forma, mas vigoroso na alma, mostrando uma banda convicta do próprio caminho.

09 – Malvada – (Malvada)
O novo álbum da Malvada marca uma virada decisiva na identidade da banda. Com produção de Giu Daga e lançamento pela Frontiers Music, o disco reúne faixas em português e inglês que mostram um grupo mais maduro, seguro e atento ao próprio pulso. As composições são diretas, guiadas por riffs firmes, vocais expressivos e uma energia que não tenta soar maior do que é, apenas verdadeira. É um trabalho que consolida a nova formação e entrega um rock claro, forte e honesto, feito para ser sentido sem mistério.
08 – Blades of Steel – (Blades of Steel)
A Blades of Steel ganhou destaque em 2025 com o lançamento de seu álbum de estreia, um disco autointitulado que rapidamente chamou atenção pelos riffs clássicos e pela energia do heavy metal tradicional. O material saiu em streaming e também em versões físicas como CD e cassete, o que fez a procura crescer além do esperado. A demanda foi tão alta que as primeiras tiragens se esgotaram rapidamente, levando a banda a preparar um relançamento para atender fãs e colecionadores que queriam garantir uma cópia. Esse retorno mostra a força do grupo e como seu som tocou um público que ainda busca o metal feito com alma e peso.

07 – The Damnation – (Eyes of Despair)
Eyes of Despair, novo álbum do The Damnnation, chega como uma descarga de peso e emoção crua. Lançado em 2025 pelo selo Shinigami Records, o disco aprofunda a mistura de thrash e death metal da banda, trazendo guitarras afiadas, bateria intensa e os vocais marcantes de Renata Petrelli. As músicas mergulham em temas de desespero, conflitos internos, solidão e resistência, mantendo sempre uma pegada agressiva e direta. Eyes of Despair confirma o amadurecimento da banda e entrega um trabalho forte, emocional e firme, feito para quem busca metal sem concessões.

06 – Bleak Transcendence – (Mortuanima)
Marca o novo lançamento da banda Bleak Transcendence e o álbum Mortuanima pela Eclipsys Lunarys Productions, surgindo o vento para atravessar um silêncio pesado que parece observar de volta. As músicas carregam um clima sombrio, com guitarras que arrastam a alma, bateria que pulsa como um coração exausto e vocais que soam como um sussurro vindo de dentro do próprio vazio. As letras mergulham em perda, isolamento e confusão interior, sempre tocando naquele ponto em que pensamento e dor se misturam sem pedir licença. Nada aqui tenta confortar. Cada faixa é um reflexo distorcido do que somos quando a escuridão se torna inevitável e a música é a única forma de seguir adiante.

05 –Inferno Nuclear – (Amazonia em Chamas)
Amazônia em Chamas é um soco direto, um disco que queima do primeiro ao último riff. O Inferno Nuclear entrega um thrash vibrante, rápido e cortante, onde as guitarras soam como labaredas e a bateria pulsa com fúria controlada. O som é cru, firme, sem ornamentos. Cada faixa carrega intensidade e urgência. A produção mantém tudo áspero o bastante para preservar a força da banda. A voz vem cheia de indignação, transformando as letras em avisos e feridas abertas. Há peso, há verdade, há fogo real por trás da música. O resultado é um álbum que não passa despercebido. Amazônia em Chamas é metal direto no nervo, feito para incendiar quem escuta.

04 – Póstuma – (Pythía)
O álbum Pythía marca a consolidação da banda Póstuma como uma das forças mais expressivas do melodic death metal brasileiro. O trabalho revela maturidade técnica e uma identidade sonora clara, construída a partir da união entre agressividade, melodia e atmosfera. As guitarras conduzem o disco com linhas intensas e bem estruturadas, alternando riffs precisos com passagens melódicas que ampliam o alcance emocional das composições. A bateria sustenta tudo com firmeza, transitando entre velocidade e peso, enquanto o baixo adiciona profundidade e densidade ao conjunto. A produção evidencia um cuidado especial com a clareza dos instrumentos, preservando o impacto e a energia bruta que o estilo exige. A voz surge como elemento central, interpretando letras carregadas de simbolismo, mitologia e inquietações existenciais. O disco não se limita ao domínio técnico. Ele cria um clima próprio, uma sensação de movimento contínuo entre força e vulnerabilidade. Pythía apresenta uma banda consciente de seu potencial e empenhada em entregar um trabalho consistente, atual e artisticamente sólido. É um álbum que posiciona o Póstuma como nome relevante na cena nacional e reforça a capacidade do metal brasileiro de produzir obras intensas, profissionais e profundamente marcantes.

03 – The Cross – (Plague of the Lost River)
Plague of the Lost River é um mergulho direto no coração sombrio do doom brasileiro. O The Cross entrega um EP que parece nascer do próprio peso das águas paradas, onde cada nota desce lenta como um luto antigo. As guitarras arrastam sombras, o baixo pulsa como um coração cansado e o vocal surge carregado de dor e firmeza, quase uma confissão dita no escuro.
O EP não tenta ser grandioso. Ele é cru, firme e fiel ao espírito da banda. Soa como um retorno consciente, pesado e sincero, onde cada faixa carrega um eco de abandono e resistência. É The Cross fazendo o que sabe: transformar tristeza em força e silêncio em impacto.

02 – Segregatorum – (Last Night of the World)
Segregatorum apresenta Last Night of the World como a faixa central de um ciclo de transição que culmina no EP Path Worse Than Death. O single funciona como síntese do momento atual da banda, unindo seu caráter death doom denso a uma abordagem mais direta e contemporânea. A música é construída sobre guitarras arrastadas, timbres espessos e uma bateria que sustenta o clima de decadência emocional, enquanto o vocal principal conduz a narrativa com firmeza e dramaticidade.
A participação especial de Tim “Ripper” Owens acrescenta um contraste importante ao peso da faixa. Sua presença vocal expande o alcance expressivo da música, trazendo intensidade e dinâmica sem descaracterizar a identidade sombria do Segregatorum. O diálogo entre as vozes cria profundidade e reforça o impacto emocional da composição.
Dentro do EP, Last Night of the World se destaca como peça-chave. Ela estabelece o tom do lançamento, combinando agressividade, atmosfera e um senso de fim iminente que permeia todo o trabalho. Path Worse Than Death surge assim como um registro sólido, que marca o encerramento de um ciclo e aponta para novas direções sonoras, mantendo o profissionalismo, a coesão e o peso que definem a banda.

01 – HellLight – (We, The Dead é HellLight)
We, The Dead é HellLight no auge da maturidade. O álbum entrega funeral doom pesado, lento e sincero, sem exageros e sem maquiagem. As guitarras arrastam um clima de fim do mundo, o baixo sustenta a dor com firmeza e o teclado abre espaço para uma melancolia que parece não ter fim. A produção é clara e profunda. Nada sobra, nada falta. Tudo soa pensado para carregar o ouvinte para dentro de um vazio silencioso. As faixas se desenvolvem com paciência, sempre guiadas por vocais que alternam desespero e calma sombria. O ponto mais marcante é a participação de Heike Langhans na música As Daylight Fades. A voz dela cria um contraste belo e triste, elevando a faixa a um momento de pura emoção dentro do disco. We, The Dead funciona como um grande ritual de despedida. É direto, pesado e honesto. HellLight mostra por que é referência no estilo e entrega um álbum que respira escuridão com autoridade.



