Os 50 anos de “High Voltage” do AC/DC e de um dos maiores nomes do rock

A história do AC/DC começa em 1973, em Sydney, na Austrália, quando os irmãos escoceses Malcolm e Angus Young decidiram montar uma banda influenciada pelo rock básico de Chuck Berry e pelo blues elétrico de artistas como Muddy Waters. Desde o início, o objetivo era claro: músicas diretas, pesadas e com energia suficiente para incendiar qualquer palco.

O AC/DC nasceu do desejo dos irmãos Young de tocar um rock sem firulas, inspirado pelo barulho ensurdecedor das guitarras de seus ídolos. Malcolm, com seu estilo rítmico sólido, foi quem assumiu a direção musical, enquanto Angus, ainda adolescente, tornou-se o símbolo visual do grupo com seu uniforme escolar. A primeira formação contava ainda com Dave Evans nos vocais, Larry Van Kriedt no baixo e Colin Burgess na bateria.

Apesar do início promissor, os Young não estavam satisfeitos com Evans como frontman. Foi então que, em 1974, Bon Scott entrou para o grupo, trazendo sua voz rouca e seu carisma anárquico. Scott já havia tocado em diversas bandas na Austrália e era conhecido tanto pelo talento como pela atitude irreverente. Sua entrada consolidou a identidade do AC/DC.

No dia 17 de fevereiro de 1975, o AC/DC lançou seu primeiro álbum, “High Voltage”, na Austrália. Gravado em apenas dez dias no Albert Studios, em Sydney, o disco foi produzido por Harry Vanda e George Young, irmão mais velho de Malcolm e Angus. A sonoridade era crua e intensa, refletindo o espírito da banda ao vivo.

Diferente da versão internacional lançada no ano seguinte, “High Voltage” (1976) continha faixas como “Baby, Please Don’t Go”, “She’s Got Balls” e “Soul Stripper”. O álbum apresentou ao público a fórmula que definiria o som do AC/DC: riffs poderosos, letras provocativas e um vocalista que exalava personalidade.

Duas capas, dois álbuns diferentes

A versão australiana de “High Voltage” tinha uma capa mostrando uma lâmpada elétrica iluminada. Quando o álbum foi lançado mundialmente, em 1976, recebeu uma nova capa, com Angus Young vestindo seu famoso uniforme escolar e sendo eletrocutado. Além da arte, o conteúdo musical também mudou. O “High Voltage” lançado fora da Austrália era, na verdade, uma compilação de faixas do primeiro disco australiano e do segundo trabalho da banda, “T.N.T.” (1975).

A decisão de reformular o disco para o mercado internacional foi uma estratégia da gravadora Atlantic Records para tornar o AC/DC mais acessível ao público fora da Austrália. Faixas como “It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)” e “T.N.T.” ajudaram a banda a ganhar notoriedade na Europa e nos Estados Unidos.

Capa do disco High Voltage do AC/DC, versão australiana

Na Austrália, “High Voltage” foi bem recebido pelo público e pela crítica local, estabelecendo o AC/DC como uma das bandas mais promissoras do país. No entanto, o reconhecimento global veio gradualmente. Quando a versão internacional chegou às lojas, o AC/DC já estava conquistando espaço na cena do rock pesado, graças a suas performances ao vivo explosivas.

Com o tempo, “High Voltage” se tornou um clássico. Canções como “The Jack”, inspirada em histórias reais de turnês, e “Live Wire” demonstravam o talento de Bon Scott como letrista, misturando humor, ironia e atitude. A combinação da guitarra enérgica de Angus Young e a base sólida de Malcolm formou uma identidade sonora única.

Influências e bastidores das gravações

O som do AC/DC sempre teve raízes profundas no blues e no rock’n’roll clássico. Artistas como Little Richard, The Rolling Stones e Chuck Berry foram fundamentais na construção do estilo da banda. Angus Young, em diversas entrevistas, afirmou que Berry foi sua maior influência na guitarra. Já Bon Scott trouxe uma pegada mais rebelde e debochada, com letras que falavam sobre festas, mulheres e a vida na estrada.

Nos bastidores das gravações de “High Voltage”, a banda trabalhava de forma intensa e sem grandes luxos. O estúdio Albert Productions, em Sydney, era modesto, e as sessões eram conduzidas de forma rápida para capturar a energia do grupo. George Young e Harry Vanda incentivavam um som cru, sem muitos retoques, o que ajudou a manter a autenticidade das músicas.

Cinco décadas depois, o AC/DC segue como uma das bandas de rock mais influentes do mundo. Mesmo após a morte de Bon Scott, em 1980, a banda se reergueu com Brian Johnson e lançou álbuns que marcaram gerações. “High Voltage” continua sendo um marco na discografia do grupo e um retrato de sua essência.

O álbum, que começou como um sucesso local na Austrália, se tornou um dos pilares do rock mundial, influenciando desde bandas de hard rock até o heavy metal.

A energia de “High Voltage” ainda brilha nos palcos do mundo, provando que o AC/DC construiu um som atemporal, fiel às suas raízes e, acima de tudo, inegavelmente poderoso.

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