Paul McCartney: 5 anos de “McCartney III”

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A década de 2010 foi prolífica para Paul McCartney: 3 álbuns elogiados — um deles, Kisses on the Bottom, composto majoritariamente de covers (ainda que com 2 faixas originais, uma delas sendo My Valentine, que se tornou hit muito graças a seu clipe, com Natalie Portman e Johnny Depp) e os outros 2, New e Egypt Station (com faixa dedicada ao Brasil!), apenas com inéditas. Junto a isso, turnês quase incessantes e algumas passagens por aqui. Nada mal para alguém que completou 70 anos logo nos primeiros anos do período e o terminou beirando os 80.

Ao início de 2020, porém, o mundo foi afligido pela pandemia do COVID-19, que causou caos e devastação por mais de 1 ano. Milhares de vidas foram perdidas, o desemprego disparou, a economia ficou em frangalhos, governantes se negaram a fazer o mínimo (quando não contrariaram todas as orientações das entidades globais de saúde)… Foi caótico, traumático e as pessoas tiveram que lidar como podiam, diante do medo e a incerteza do amanhã.

Quando se é Paul McCartney, porém, o isolamento social implementado na época só poderia significar uma coisa: hora de ir para estúdio. E sua intenção nem era chegar com algo já pensado, mas ir compondo o que lhe agradasse, tocando, gravando e ver o que poderia sair disso. Quando percebeu, porém, tinha um álbum completo. Aproveitou ainda para resgatar alguns trechos já prontos, um deles feito junto ao lendário George Martin, em 1992, e outro gravado em 2016 ao lado de seus parceiros Rusty Anderson (guitarra) e Abe Laboriel Jr. (bateria), com supervisão do produtor Greg Kurstin, com quem trabalhou em Egypt Station.

Como acabou gravando e produzindo tudo sozinho, nada mais justo do que dar ao trabalho o nome de McCartney III, seguindo a tradição de seus outros álbuns solo feitos nesses moldes, McCartney e McCartney II, de 1970 e 1980, respectivamente. As movimentações para realizar sua promoção começaram em 28 de agosto daquele 2020, quando foi registrado o domínio mccartneyiii.com para se desenvolver um site, que logo estaria no ar. Depois, passaram a soltar alguns teasers junto ao Spotify, com animações envolvendo as capas dos 2 discos citados acima e, na sequência, teve início movimentação nas redes sociais do artista, sobretudo no Twitter.

A ideia era lançá-lo em 11 de dezembro daquele mesmo ano, como anunciado ao fim do outubro anterior mas, ao saber que Taylor Swift lançaria um novo registro 1 semana depois do seu, para não entrar em conflito comercial, resolveu ele mesmo adiar seu trabalho para aquela data e liberar a cantora para antecipar seu lançamento, o que a levou a soltar Evermore naquele dia 11.

McCartney III, então, saiu há 5 anos, em 18 de dezembro de 2020, e foi aclamado por crítica e público, muito graças a abordagem mais simplista, que remete ao início da trilogia, embora com melhor produção e desenvolvimento. Teve Find My Way, Winter Bird/When Winter Comes e Women and Wives como singles, mas seus destaques vão para além dessas faixas: Long Tailed Winter Bird, Pretty Boys, The Kiss of Venus, Deep Down… É até difícil não encontrar um destaque nesse, que soa como um dos esforços mais honestos do eterno Beatle em muito tempo.

O álbum ainda ganhou, em 2021, a versão McCartney III Imagined, com covers, participações e remixes de suas faixas, tendo o envolvimento de gente do calibre de Beck, Damon Albarn, St. Vincent, Josh Homme, Phoebe Bridgers, Dominic Fike, Anderson .Paak, Blood Orange e outros mais, com a nova versão de Find My Way recebendo um divertido clipe.

Mas o 3º a levar o sobrenome de Macca já nasceu magnânimo por seu intimismo e sinceridade. McCartney III soou como um abraço em um momento sombrio para o mundo. Enquanto éramos bombardeados por notícias ruins vindas de todos os lados, Paul McCartney escolheu nos dar motivos para lembrar que ainda havia um lado muito belo na vida. Por essa, só dá para agradecer.

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