“Pulse”, do Pink Floyd, completa 30 anos

Em 1995, quando o Pink Floyd lançou “Pulse”, poucos imaginavam que aquele álbum ao vivo se tornaria um dos mais queridos pelos brasileiros. Três décadas depois, o disco continua ocupando um lugar especial nas estantes de colecionadores, nas caixas de som dos fãs e nas rodas de conversa sobre rock progressivo. Muito além de um simples registro de turnê, “Pulse” virou símbolo de uma geração que, mesmo longe dos palcos ingleses, encontrou no álbum uma ponte emocional com a banda.

Gravado durante a turnê de “The Division Bell” (1994), o disco reúne registros de shows realizados entre 17 de agosto e 29 de outubro daquele mesmo ano. A formação trazia David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright — já sem Roger Waters, que havia deixado a banda em 1985. O repertório mistura clássicos da era 1970 com o material mais recente da época, entregando uma espécie de panorama ao vivo da trajetória do grupo pós-The Wall.

Mas o que mais chama atenção em “Pulse” é a execução integral de “The Dark Side of the Moon”. Em um tempo anterior ao YouTube, ouvir ao vivo todas as faixas do álbum de 1973, tocadas com precisão e imersão sonora, era um deleite raro. O Pink Floyd nunca foi uma banda de grandes improvisos no palco, mas sua fidelidade ao clima dos discos de estúdio fazia com que cada apresentação soasse como uma experiência sensorial.

Outro detalhe que se tornou conhecido foi a versão física original do álbum, lançada com um LED piscante embutido na lombada da caixa. O piscar constante — que remetia ao nome do disco — fazia referência à ideia de um batimento vital contínuo. Esse elemento, somado ao acabamento luxuoso da edição dupla em CD, ajudou a transformar “Pulse” em item de desejo para fãs e colecionadores. Mesmo anos depois, com reedições em vinil e versões remasterizadas, a edição com a luz continua sendo uma das mais procuradas.

Foto: Acervo Pessoal / Marcelo Scherer

No Brasil, o disco ganhou popularidade quase instantânea. Parte disso se deve à chegada do CD em larga escala ao mercado nacional, aliada ao crescimento da cultura de shows internacionais — ainda que o Pink Floyd nunca tenha tocado por aqui. Além disso, o álbum foi muito tocado em rádios rock e lojas de discos nos anos 1990, ampliando seu alcance para além do público já familiarizado com o grupo.

A qualidade da gravação, o repertório que equilibra passado e presente, e o apuro estético da apresentação transformaram “Pulse” em uma espécie de porta de entrada para quem queria conhecer o som do Pink Floyd. Para muitos fãs brasileiros, especialmente os que cresceram nos anos 90, foi com esse álbum que vieram os primeiros contatos com faixas como “Comfortably Numb”, “Wish You Were Here” e “Time”.

Mesmo sem o peso histórico de álbuns de estúdio como “Animals” ou “The Wall”, “Pulse” tem seu valor próprio. Ele marca o último grande momento da banda antes do hiato definitivo e, para boa parte do público, oferece uma espécie de despedida ao vivo — elegante, bem executada e emocionalmente potente.

Trinta anos depois, “Pulse” permanece como um dos registros ao vivo mais importantes do rock. No Brasil, ele segue conquistando gerações, em parte pela mística que envolve o Pink Floyd, mas também porque continua soando atual, mesmo em uma era em que o digital já dominou tudo. Talvez esteja aí uma das razões de seu encanto duradouro: mais do que um show, “Pulse” pulsa como uma memória afetiva coletiva.

Ouça abaixo “Pulse” do Pink Floyd

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