Um olhar sobre Luck and Strange de David Gilmour

Ando meio longe das redes sociais porque tem havido muito pouca coisa interessante nelas ultimamente. Contudo, hoje, decidi fazer uma postagem (uma crítica) sobre o último álbum lançado pelo ex-guitarrista do Pink Floyd, David Gilmour, chamado “Luck and Strange”. Quero deixar claro que o texto a seguir reflete o que achei deste disco e o que penso sobre a carreira solo do David Gilmour. Ou seja, ninguém está sob a obrigação de concordar comigo.

Fiquei sabendo do lançamento deste trabalho assim que ele ocorreu, ainda em 2024. Vi um monte de gente se “derretendo em elogios” por este álbum e isso acabou chamando a minha atenção. E lá fui eu conferir esta nova “maravilha do mundo” (segundo alguns).

Meus amigos, que disco CHATO!!! Um álbum sonolento, num estilo repetitivo que não acrescenta absolutamente NADA de novo . . . enfim, uma “lenga-lenga” danada. É incontestável que o Gilmour sempre foi um gênio da guitarra (em solo e em base). E embora os seus solos de guitarra nas músicas deste trabalho continuem muito bons e melodiosos, isso, nem de longe, foi o suficiente para melhorar o resultado final do álbum. “Mas a filha do David Gilmour canta no disco e ela é muito boa, etc, etc, etc”, argumentam os paladinos da obra. Realmente, a menina canta bem. Mas se as músicas fossem boas, eu tenho certeza de que o talento dela seria muito mais evidente. Entenderam?

Foto: Luck and Strange Vinil. Crédito: Divulgação

David Gilmour é um artista espetacular, mas é mais um que não funciona em carreira solo. Nem ele, nem Roger Waters, nem Robert Plant, nem Jimmy Page, nem Jack Bruce e nem muitos outros que, apesar do transbordante talento, produziram quase nada fora dos grupos nos quais se tornaram membros consagrados.

Na realidade, o único álbum solo de David Gilmour que eu gosto (e MUITO) é o primeiro, lançado em 1978. Um disco cujo estilo é totalmente diferente da linha do Pink Floyd: músicas curtas, de execução relativamente simples, com uma abordagem bem menos progressiva, mas de extremo bom gosto. Depois deste trabalho sublime, Gilmour não conseguiu produzir mais nada que sequer chegasse perto dele.

O primeiro disco do Pink Floyd sem Roger Waters, “A Momentary Lapse Of Reason”, lançado em 1987 e sob a “batuta” de David Gilmour, foi um bom álbum. Mas muito inferior aos inesquecíveis trabalhos do Pink Floyd da década de 1970 (“The Dark Side Of The Moon”, “Wish You Were Here” e “Animals”).

Aliás, vou até mais longe: “A Momentary Lapse Of Reason” não chega perto de álbuns como “Atom Heart Mother” e “Meddle”. Mas, como escrevi acima, é uma bom trabalho. Em 1994, o Pink Floyd lançou “The Division Bell”, que eu achei um trabalho inferior ao anterior, mas ainda um álbum aceitável. A minha crítica a “The Division Bell” é que trata-se de um álbum com muitas músicas (no total, 11 faixas) e, quando chego à audição da metade da oitava faixa, já estou torcendo para a reprodução do disco chegar ao fim. Quanto ao último trabalho lançado pelo Pink Floyd, “The Endless River”, de 2014, ouvi pouco (acho que umas duas vezes). Mas confesso que não chamou muito a minha atenção. Preciso ouvir mais vezes para formar uma opinião consistente.

Portanto, esta é a minha impressão sobre o último trabalho solo de David Gilmour e sobre a sua carreira solo. No meu ponto de vista, sua fonte de inspiração para compor se esgotou há quase 40 anos e ele poderia reconhecer isso. Daí, montar uma banda “tributo” (este é o nome moderno, bonito e “sonoro” que inventaram para denominar bandas “cover”) do Pink Floyd e sair por aí fazendo shows com o melhor do repertório da banda, inserindo neste repertório músicas do seu primeiro álbum solo (o de 1978). Eu juro que não consegui enxergar em “Luck and Strange” essa beleza extraordinária que encantou tanta gente. Pelo contrário, achei um álbum enjoativo, pouco inspirado e com muito “enchimento de lingüiça”.

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    3 respostas para “Um olhar sobre Luck and Strange de David Gilmour”

    1. Avatar de Julio Mauro

      Olha, dizer que Luck and Strange não é um bom álbum é questão de gosto. Eu poderia parar por aqui, mas falar que ele não tem qualidade ou relevância? Aí já não faz sentido, pelo que eu ouvi no disco e pelo que críticos muito mais respeitados que a gente já comentaram sobre o álbum.

      Eu nunca vi esse álbum como uma tentativa de ser um novo Dark Side of the Moon ou qualquer coisa do Pink Floyd. Ele é um trabalho do Gilmour, no estilo dele: reflexivo, intimista e impecável tecnicamente.

      Se alguém espera um disco cheio de inovações ou que vá mudar o rock progressivo, beleza, talvez Luck and Strange não seja o que essa pessoa procura. Mas se a ideia é ouvir um Gilmour mais contemplativo, refletindo sobre a vida e o tempo, tem muita coisa boa ali. E dizer que ele não traz nada de novo ignora alguns pontos bem interessantes, como a pegada mais folk em algumas faixas, a participação da Romany Gilmour e até gravações inéditas do Richard Wright.

      Agora, se for pra ouvir algo mais variado e com melodias que grudam mais, Rattle That Lock é uma baita escolha. Esse sim tem umas faixas mais dinâmicas, algumas até com um pezinho no pop, enquanto Luck and Strange é mais aquela vibe de sentar, ouvir e viajar no som.

      E no fim das contas, como uma crítica que eu li resumiu muito bem: “O mundo precisa de cada segundo extra de David Gilmour tocando guitarra antes que ele vá para o Great Gig in the Sky.”

      1. Avatar de Glauco Pellegrini

        Concordo com o Julio não saberia como complementar suas palavras. Enquanto ele estiver tocando guitarra vou escuta-lo com atenção.

    2. Avatar de Célso Henrique Kaiser
      Célso Henrique Kaiser

      Concordo! Gilmour 78 chega ser uma obra prima dos solos dele, restante nada se aproveita.. mesmo vale p Waters, q aliás, em carreira solo nada presta. Division Bell só acho um pouco melhor q A Momentary Lapse…. E o Endless River nem merece a alcunha de Pink Floyd!

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