Quanta influência pode haver em um único álbum? E se esse álbum fosse lançado apenas com uma vocalista? Esse álbum existe e foi lançado há 47 anos pela X-Ray Spex, uma banda punk em sua essência e que contava com uma vocalista descrita como “efervescente, discordante” e, ao mesmo tempo, com um vocal poderoso o suficiente para fazer “furos através de uma chapa de metal.”
Sempre houve uma tendência da banda ser ignorada. Parte disso é o pouquíssimo material que eles lançaram, um punhado de singles e dois álbuns lançados com uma diferença de 17 anos. E em Germfree Adolescents, os ingleses mostravam ao mundo um álbum impecável e facilmente, um dos maiores álbuns punk de todos os tempos.
Se a gente parar para analisar, o punk sempre foi um estilo de garotos brancos revoltados com o sistema e, embora todos falassem sobre diversidade e antirracismo, poucos tinham pessoas de cor nas bandas para apoiar seus ideais. E é aqui onde a X-Ray Spex era um ponto fora da curva. No começo da banda, além da vocalista Poly Styrene, havia a saxofonista Lora Logic, que na época tinha apenas 15 anos e que, depois de dois anos, acaba saindo da banda e focando em seus estudos.
A banda foi tão influente que sempre é citada com uma das mais importantes para o surgimento do Riot Grrl, movimento punk feminista underground que teve inicio no início da década de 1990, embora a vocalista Styrene sempre insistisse que suas letras eram principalmente anticonsumistas em vez de feministas.
Outro ponto notável no som da banda (e eu poderia dizer até idiossincrático) sempre foi a adição de um saxofone. O saxofone trás um elemento alegre à música sua música. Mas a parte crua, pesada, está ali, com as guitarras cortantes o tempo todo.
A primeira vez que eu ouvi esse disco meus sentimentos foram um misto de ficar animado, muito animado e, ao mesmo tempo, com raiva! A mensagem que é transmitida é tão atual que parece que o disco foi feito nos dias de hoje.
No entanto, estamos falando de um disco que está completando 47 anos e, naquela época, foi revolucionário e ajudou a moldar o que a música Punk viria a se tornar. A começar por uma mulher negra nos vocais. As composições são políticas, poéticas e desafiam o conceito linear de tempo (nossa, juro que agora eu pensei na série do Loki).
Entre os vocais selvagens e soltos de Poly, os riffs de saxofone penetrando nas guitarras pesadas e a bateria frenética, X Ray Spex criou algo que todo punk atual e futuro deveria ouvir.
Agradeço o algoritmo do Spotify (sempre ele) que me indicou esta banda.
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