Alceu Valença incendeia Porto Alegre com show vibrante e atemporal

Alceu Valença veio, viu e encantou. Com sua jaqueta azul psicodélica — decorada com estrelas, anjos e símbolos amorosos — e um chapéu típico de festa junina, o artista subiu ao palco com o brilho de quem nunca saiu de cena. O show “Meu Querido São João”, que percorre diversas capitais brasileiras, é uma celebração de sua trajetória, resgatando tanto os grandes sucessos quanto as preciosidades lado B de sua carreira.

Acompanhado por arranjos cuidadosamente trabalhados na atmosfera do forró, com toques de flamenco, influências progressivas, pitadas de pop e até elementos de chorinho, Alceu mostrou que sua arte continua viva, ousada e profundamente conectada com suas raízes.

Aos 78 anos, impressiona não apenas por seu alcance vocal, mas pela energia contagiante no palco. A idade parece não pesar: seu rosto jovial e sua performance impecável mostram um artista em plena forma, dominando o palco com intensidade, humor e uma alegria genuína.

Durante quase duas horas de apresentação, o público foi conduzido por uma viagem musical recheada de clássicos como “Coração Bobo” e a reggae dançante “Morena Tropicana”. Entre uma música e outra, histórias bem-humoradas contadas por Alceu davam o tom de uma noite que, por vezes, mais parecia um espetáculo de stand-up comedy — de tão íntimo e descontraído.

O que se viu foi mais do que um show: foi um manifesto contra o som pasteurizado que domina tantos palcos hoje em dia. Em tempos de apresentações baseadas em playback, Alceu Valença representa a resistência viva da música genuína. Com sua banda tocando de verdade, entrega uma experiência autêntica, orgânica, vibrante.

Ver Alceu no palco é testemunhar um tipo de artista que se torna cada vez mais raro. Um mestre da canção popular, que prova que é possível envelhecer com dignidade artística, reinventando-se sem perder a essência. Um nome gigante, que seguirá inspirando, mesmo quando o futuro parecer distante.

Fotos: Cassio Toledo

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