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It’s only Rock and Roll, but a like pra carai!

Não existe roda de proza sobre música em que pelo menos um dos participantes não diga a célebre frase: “Ainnn..o rock morreu” ou ainda “Não existem mais bandas de rock como antigamente”.

Com certeza, se um destes entendidos foi ao Show da Cachorro Grande que rolou no Araújo Viana, em Porto Alegre, no último dia 27/09/24 saiu de lá sem poder repetir esta a firmação. Sim, os Big Dogs não querem saber, desceram a lenha, Rock do bom do início ao fim, com direito a palco desmontado, bateria jogada pra cima, e até baterista em cima da bateria.

“As próximas horas serão muito boas” foi assim que Camila Diesel da Radio CulturaFM apresentou um dos maiores shows de rock do ano em Porto Alegre. E ela não exagerou em nada, foram quase duas horas realmente “Muito boas” tanto pros saudosistas como pros curiosos em saber como se faz um verdadeiro show de rock.

Beto, Gross, Boizinho Pelotas e Barreto (fazendo o baixo) não decepcionaram em nenhum momento. Já são 25 anos do mais puro Rock and Roll, e o pontapé inicial da comemoração da data não poderia ter sido melhor. A Cachorro não poupou hits, desfilaram canções de toda a carreira, mas claro que o “Lado B” não foi esquecido, afinal, a Cachorro tem sua discografia toda em vinil, onde esta expressão faz realmente sentido.
As cadeiras do Araújo serviram apenas como um local pra largar os casacos, bolsas e copos. Todos em pé, do início ao fim.

Mas não foi só a música que se destacou, iluminação, som, figurinos, todos impecáveis, a bateria do Boizinho deixou aquele lugar lá no fundo e veio quase que pro lado da guitarra do Gross e para os vocais do Beto. O maestro Pedro Pelotas subiu uns dois degraus e assim como o eterno John Lord foi protagonista em diversos momentos do show, como quando tocou os primeiros acordes de “Sinceramente” maior hit da banda e fez os celulares deixarem as filmagens e fotos um pouco de lado pra se transformarem em luzes dançantes.

Outra coisa que chama a atenção é o entrosamento dos guris, parece que nunca se separaram, soma- se a isto as belas e consistentes carreiras solo dos quatro. Com exceção do Pedro, que hoje acompanha o Samuel Rosa, os demais lançaram discos maravilhosos, Gross entrou até pro mundo da literatura com seu livro “Grosswords” onde lista e comenta as suas letras ao longo da carreira. Eduardo Barreto (que faz parte do Gross Trio) também parece que sempre esteve ali.

Na plateia, estavam os adolescentes de 25 anos atrás e os de agora, alguns pais e filhos, outros matando saudade, outros ainda assistindo pela primeira vez um show de rock. O que não tinha diferença era a alegria e empolgação de assistir a maior banda de rock do Brasil (sem nenhum bairrismo) entregar tudo. Beto lembrou de quando tudo começou, em shows para dez pessoas e uma única música autoral, “Debaixo do chapéu” que foi executada e fez com que até as espinhas da adolescência surgissem pra relembrar os tempos de Garagem Hermética, e “Sexperienced” também do primeiro disco, que ganhou um toque punk con a participação de Duda Calvin, Ex Tequila Baby.

Os solos e improvisos utilizados nos primeiros shows como forma de preencher o tempo também subiram ao palco. E claro, no Bis, “My generation” ajudou todos a lembrarem de onde vem toda a inspiração da Cachorrada, inclusive do nome da banda.

Enfim, dá pra afirmar que na real, a Cachorro nunca acabou, deu um tempo, como em toda relação de longa data, precisaram apenas ficar isolados como banda. Talvez trancados em um quarto recebendo apenas bolachas por debaixo da porta, aparando as arestas do desgaste do tempo. Cuidando cada um de si, para que o coletivo crescesse. Deu certo. A Cachorro Grande está ainda mais madura, mais carismática, e o principal, ainda muito rockeira. Sinceramente, como todo bom brasileiro, a banda também vive sua roda gigante, e no momento estão lá em cima, desfrutando de tudo que construíram. E isso tudo é uma loucura.

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