Nos anos 1990, o britpop dominou a cena musical britânica, com bandas como Blur, Pulp, Suede e Oasis representando o renascimento da cultura rock no Reino Unido. No entanto, enquanto o Oasis conseguiu romper fronteiras e conquistar o mercado americano com álbuns como “(What’s the Story) Morning Glory?” (1995), muitas outras bandas do movimento não alcançaram o mesmo êxito nos Estados Unidos. Questões como diferenças culturais, falta de apoio de gravadoras e o domínio do grunge no mercado americano podem explicar por que tantas dessas bandas não ecoaram além do Atlântico.
Blur: sucesso em casa, resistência lá fora
Embora o Blur tenha sido um dos pilares do britpop no Reino Unido, com álbuns como “Parklife” (1994) e “The Great Escape” (1995), sua ascensão nos EUA foi tímida. A rivalidade com o Oasis ajudou a impulsionar o movimento no Reino Unido, mas não teve o mesmo impacto internacional. “Nos Estados Unidos, éramos vistos como excêntricos britânicos com sotaques engraçados”, disse Damon Albarn, vocalista da banda, em uma entrevista de 2014. Apesar disso, a banda conseguiu um relativo sucesso com “Song 2” (1997), cujo refrão explosivo garantiu um lugar nas paradas americanas, mas longe de rivalizar com o domínio de hits como “Wonderwall”.
Pulp: um lirismo britânico pouco compreendido
Pulp, liderada por Jarvis Cocker, foi outro grande nome do britpop, mas sua abordagem lírica, repleta de ironias e referências à classe trabalhadora britânica, encontrou pouco público nos Estados Unidos. Álbuns como “Different Class” (1995), que inclui o clássico “Common People”, são aclamados como obras-primas no Reino Unido, mas a banda teve dificuldades para traduzir seu sucesso cultural em vendas nos EUA. Em uma entrevista de 1996, Cocker comentou: “Nossas canções são muito britânicas. Acho que isso nunca ressoou completamente com os americanos.”
Suede: sucesso barrado pelo mercado americano
Suede, uma das primeiras bandas a dar o pontapé inicial no britpop, enfrentou desafios semelhantes. Com um som que misturava o glam rock de David Bowie e a melancolia britânica, a banda conquistou grande aclamação em casa, especialmente com álbuns como “Dog Man Star” (1994). Nos Estados Unidos, porém, tiveram que alterar seu nome para The London Suede devido a questões de marca registrada, o que prejudicou a continuidade de sua imagem. A recepção morna do mercado americano aos seus álbuns dificultou a expansão de seu sucesso além do Reino Unido.
Elastica e outros casos promissores do britpop
Elastica parecia destinada a conquistar o público americano, especialmente com o single “Connection”, que chegou a figurar no Top 20 da Billboard. No entanto, problemas legais envolvendo acusações de plágio e uma pausa prolongada na carreira da banda acabaram ofuscando o impulso inicial. Bandas como Sleeper, Lush e Menswear também mostraram promessas, mas foram ofuscadas pelo domínio das rádios americanas por sons locais, como o grunge e o punk revival.
Por que o Oasis conseguiu o que outros não alcançaram?
Enquanto essas bandas lutavam para se estabelecer nos Estados Unidos, o Oasis parecia destinado a conquistar o mundo. O carisma dos irmãos Gallagher, combinado com a acessibilidade de suas canções e o investimento pesado em divulgação nos EUA, garantiram ao grupo um alcance que nenhuma outra banda do britpop conseguiu igualar. “Eles tinham essa mistura de arrogância e melodias pop universais que caíram bem no mercado americano”, explicou Alan McGee, fundador da Creation Records, em uma entrevista de 2015.
No entanto, a história do britpop nos Estados Unidos não é apenas de fracassos. Algumas músicas dessas bandas permanecem como joias cult para fãs dedicados, mesmo que nunca tenham alcançado o mainstream. Mais do que números de vendas, o britpop consolidou a ideia de uma cena vibrante que ainda é celebrada como um dos períodos mais criativos da música britânica.
Nós já comentamos sobre o Britpop em nosso podcast. Link abaixo.
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