Vinte anos após a estreia de “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith”, um mistério escondido em uma das cenas mais lembradas do filme teve, enfim, sua explicação revelada. O “Mustafar Man” — figura fugaz observada por fãs durante o duelo entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker — trata-se, na verdade, de um técnico que operava parte do cenário em tela verde. As informações são do Cinepipoca.
A descoberta foi compartilhada por Todd Vaziri, veterano da Industrial Light & Magic (ILM), que trabalhou na composição visual do episódio dirigido por George Lucas. Em uma publicação recente, o artista detalhou como chegou à identificação do vulto, que durante anos alimentou teorias entre os entusiastas da franquia.
A aparição ocorre no minuto 1:59:03:21 do longa. É um momento quase imperceptível a olho nu, detectável apenas com a reprodução quadro a quadro. A figura parece surgir brevemente atrás de Anakin, no clímax da batalha em Mustafar, planeta fictício tomado por rios de lava.
Desde 2015, fãs atentos comentavam o caso em fóruns e redes sociais, especulando possíveis explicações. Alguns chegaram a sugerir que fosse um “Fantasma da Força” ou até um easter egg deixado propositalmente. O assunto ganhou nova força em 2024, quando discussões sobre bastidores da saga voltaram à tona.
Motivado pela curiosidade, Vaziri decidiu rever os arquivos originais da ILM, armazenados por quase duas décadas. O processo não foi simples: segundo ele, foram necessárias 24 horas apenas para recuperar os dados dos servidores da empresa.
Ao analisar a filmagem em tela verde da cena original, o técnico encontrou o que chamou de “resposta definitiva”. A figura misteriosa era um profissional responsável por controlar, manualmente, uma plataforma que simulava a “barcaça de lava” onde os personagens duelavam.
“Era um dos riggers, técnicos que operam sistemas mecânicos para acrobacias”, explicou Vaziri em seu perfil no X (antigo Twitter). “O figurino e o cenário digital acabaram camuflando sua presença, mas ele estava lá, atrás do trabalho prático que tornou aquela cena possível.”
O erro ocorreu na etapa de composição digital, processo que exige ajustes delicados de máscara e recorte de fundo. Segundo Vaziri, versões iniciais da cena mostram tentativas de remover completamente o técnico do enquadramento.
Contudo, uma falha no uso das chamadas “garbage mattes” — elementos usados para excluir áreas específicas da imagem — deixou parte da cabeça do operador visível por alguns quadros. O detalhe acabou passando por diversas etapas de revisão, incluindo direção, edição e supervisão de efeitos, sem ser notado.
Para Vaziri, o episódio serve como lembrete de que até as produções mais cuidadosas, com equipes extensas e tecnologia de ponta, estão sujeitas a falhas mínimas. “É o tipo de coisa que só aparece com muita atenção e alguma obsessão”, comentou o compositor.
A revelação encerra um dos mistérios mais curiosos da trilogia prequel. Para os fãs, o “Mustafar Man” se torna agora parte da cultura em torno de Star Wars, como um símbolo não intencional do esforço humano por trás da fantasia espacial.
O episódio mostra também como os detalhes técnicos, muitas vezes invisíveis ao público, são essenciais para a construção de grandes momentos no cinema. E como, mesmo duas décadas depois, sempre há espaço para redescobrir aquilo que parecia já conhecido.
Para quem se interessar em caçar o vulto, fica o desafio: voltar à edição original de “Star Wars III: A Vingança dos Sith”, pausar no momento exato e observar de perto. O “Mustafar Man” pode ter sido um acidente, mas sua história agora faz parte da mitologia visual que cerca a saga iniciada em 1977.
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