Lou Reed e a noite em que homenageou Bob Dylan no Madison Square Garden

Na noite de 16 de outubro de 1992, o Madison Square Garden, em Nova York, recebeu um evento especial. Para celebrar os 30 anos de carreira de Bob Dylan, um elenco estrelado de músicos se reuniu para interpretar algumas das canções mais marcantes do artista. Entre os convidados estava Lou Reed, que sempre reconheceu a influência do cantor em seu próprio trabalho.

A relação de Reed com Dylan ia além da admiração musical. Em diversas entrevistas, o ex-líder do Velvet Underground não escondeu seu fascínio pela habilidade do compositor. “Dylan me deixa sem palavras o tempo todo. Ele me mata até hoje quando se trata de linguagem”, afirmou Reed, destacando a maneira única com que Dylan construía suas letras.

Naquele evento, que ficou conhecido como “Bobfest”, Reed escolheu interpretar “Foot of Pride”, uma faixa composta por Dylan durante as sessões do álbum “Infidels” (1983), mas que acabou ficando de fora do disco. A música só foi lançada oficialmente anos depois, na coletânea “The Bootleg Series Volumes 1–3” (1991).

Reed levou a escolha a sério. “Eu estava ouvindo isso quase todos os dias durante dois meses”, contou ele sobre sua preparação. A letra extensa e cheia de metáforas desafiou sua memória. “São tantos versos que era impossível aprender tudo. O guitarrista G.E. Smith, que tocava comigo, teve que virar as páginas”, revelou.

O show reuniu lendas da música como Johnny Cash e June Carter Cash, Tom Petty, Stevie Wonder, Willie Nelson, Neil Young, Sinéad O’Connor, Ronnie Wood, Eddie Vedder e George Harrison. Cada artista trouxe sua interpretação única para o repertório de Dylan, criando momentos marcantes ao longo da noite.

Lançado em 1993 no álbum e DVD “The 30th Anniversary Concert Celebration”, o evento se tornou um dos tributos mais lembrados ao longo da carreira de Dylan. Para Reed, foi uma oportunidade de homenagear um artista que considerava uma referência essencial. Mesmo sendo um nome fundamental na história do rock alternativo, naquela noite, Lou Reed estava ali como um fã — um fã que teve a chance de cantar para seu maior ídolo.