Fãs da banda Oasis enfrentaram uma grande frustração ao tentar comprar ingressos para os shows de reencontro dos irmãos Gallagher. O que deveria ser uma oportunidade emocionante se transformou, no entanto, em indignação, devido ao uso de um modelo de precificação dinâmico que elevou drasticamente os preços dos ingressos.
Reação dos fãs e da mídia
A controvérsia começou quando fãs, após horas em filas virtuais, descobriram que os ingressos inicialmente anunciados a £ 135 subiram para £ 355 na hora da compra. Esse aumento, considerado “extorsivo” por muitos, gerou, assim, uma forte reação nas redes sociais e na mídia, com apelos para que os artistas se posicionassem contra essa prática.
Por sua vez, a Ticketmaster, responsável pela venda dos ingressos, defendeu o modelo de precificação dinâmica. Comparando-o a práticas comuns em hotelaria e aviação, a empresa explicou que o sistema ajusta os preços conforme a demanda, desestimulando, portanto, a revenda de ingressos por valores inflacionados. Segundo a Ticketmaster, os preços são acordados com os artistas e seus agentes, de modo que a empresa não define os valores dos ingressos de forma independente.
Entretanto, fãs e críticos, como a deputada Lucy Powell, líder da Câmara dos Comuns, expressaram insatisfação com a falta de transparência do processo. Powell, que também comprou ingressos, disse que pagou “mais do que esperava” e questionou a clareza com que o modelo de preços dinâmicos foi apresentado ao público. Muitos fãs ficaram na fila baseados nos preços divulgados previamente, descobrindo o aumento somente ao final da compra.
Indignação além do Reino Unido
Além disso, a indignação não ficou restrita ao Reino Unido. Na Irlanda, fãs que tentaram comprar ingressos para shows no Croke Park, anunciados a € 86,50, enfrentaram preços de até € 415,50 pelo mesmo ingresso. Regina Doherty, eurodeputada por Dublin, pediu, então, uma investigação urgente sobre essa prática, que considerou injusta e não transparente. Ela criticou o aumento de mais de € 300 em alguns ingressos como “extorsivo”.
Entidades reguladoras e políticos também estão atentos ao caso. A Comissão Europeia, por exemplo, afirmou estar ciente das preocupações sobre os preços dinâmicos e destacou que a imposição de preços excessivos pode violar a legislação da UE. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça processou a Live Nation, acusando a empresa de práticas monopolistas que impedem a concorrência no entretenimento ao vivo.
Opiniões divergentes sobre o modelo de precificação
Defensores do modelo, como Jonathan Brown, presidente da Society of Ticket Agents and Retailers, argumentam que a prática é necessária à realidade do mercado e que os preços são definidos pelos artistas. Ele comparou, assim, a experiência de comprar ingressos a reservar hotéis ou voos, onde os preços variam conforme a demanda.
Por outro lado, músicos e figuras da indústria, como John Robb e Sean Adams, criticaram fortemente a prática. Robb classificou o uso de preços dinâmicos como uma exploração “da pior maneira possível”, pedindo, dessa forma, uma investigação governamental para proteger os fãs. Adams, que gerencia artistas e fundou o site Drowned in Sound, reforçou que a mudança deve vir dos próprios artistas. Ele questionou por que uma banda conhecida por ser “do povo” aceitaria políticas que prejudicam seus seguidores.
Dessa forma, a controvérsia gerou um debate mais amplo sobre ética e transparência na venda de ingressos. Especialistas como Reg Walker apontaram que a Ticketmaster é a maior beneficiária das taxas mais altas, já que seus lucros aumentam proporcionalmente ao valor dos ingressos vendidos.
Em suma, o episódio destacou a necessidade de regulamentações mais rígidas e maior envolvimento dos artistas na defesa dos fãs. A pressão popular pode, portanto, levar a uma revisão das práticas de precificação no setor, garantindo que experiências culturais permaneçam acessíveis e justas.
Fonte: theguardian.com e news.sky.com
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