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Em This Stupid World, Yo La Tengo retorna a sua melhor forma

Os amantes de Yo La Tengo não tem do que reclamar, a banda formada pelo trio Ira Kaplan, Georgia Hubley e James McNew retornam em sua melhor forma no seu mais recente álbum, This Stupid World é uma obra onde o grupo compila o que de melhor lírica e sonoramente nesses anos de carreira.

A banda que sempre se propôs a andar à margem do mainstream, mesmo com o sucesso do disco I Can Hear The Heart Beating As One de 1997, nunca se vendeu de forma gratuita. Hits como “Autumn Sweater” e “Center of Gravity”, ainda assim, traziam estranhezas em suas melodias, mesmo que assobiáveis.

Passados 26 anos do grande sucesso da banda e 8 discos depois, This Stupid World chega como uma bênção aos fãs.

Em número de canções neste disco é menor, contando apenas com 9 músicas. Em tempo total de disco, ele está entre os menores com apenas 48 minutos. Mas isso são apenas dados jogados aqui na tela, pois musicalmente a verdade é que esse é um dos melhores lançamentos de 2023 e arrisco a dizer da longínqua carreira do grupo.

https://youtu.be/emRCHTGMFHM

Resenha This Stupid World

Lembro como se fosse ontem, conheci a banda tardiamente pelo hit Autumn Sweater que tocava nas rádios alternativas como Ipanema FM e Unisinos FM no final dos anos 90.

Daí pra buscar mais sobre a banda e sua vasta discografia foi um pulo, é claro que isso aconteceu após os anos 2000 com popularização da internet e a facilidade que ela trouxe mesmo em tempos de pré-streaming.

Quando ouço um álbum como This Stupid World , percebo que a enorme jornada do Yo La Tengo fica ainda mais claro a maturidade da banda.

O disco dá o pontapé com música “Sinatra Drive Breakdown”, um groove ritualística em loop conduzida pela cozinha de Georgia Hubbley e James McNew aliada às guitarras noise e linhas vocais melódicas de Ira Kaplan cantando frases como “Vejo momentos que quis, recuperei e perdi de novo”.

Fallout, a próxima do álbum, tem um riff magnético inicial, com andamento preciso de baixo e bateria, melodias controláveis de Kaplan que vão crescendo dando um ar épico a energia entre a ponte e um “não” refrão simples, com harmonias e progressão de acordes muito bem trabalhadas.

Tonight’s Episode, é um show a parte, principalmente para ouvidos que não querem mais do mesmo, uma introdução de violão, uma ambientação com uma guitarra em feedback construído por um baixo e bateria q parecem duelar em um andamento meio desconexo, tudo isso com um ar etéreo que permei toda canção e com as linhas vocais muito bem construídas por Kaplan.

Aselestine prova mais uma vez a doçura de vocais graves da baterista e vocalista Georgia Hubley, que neste álbum cantou menos que o habitual, talvez até pelo número de músicas que o disco contém. Uma música delicada com camadas de feedback de guitarras ao fundo de Ira Kaplan.

Depois da “Aselestine”, temos “Until It Happens”, com andamento sincopado pela bateria de Hubley, texturas finas das guitarras e vocais de Kaplan e algumas camas que parecem teclados. Liricamente a letra fala sobre o conceito de mudança e como as pessoas reagem a ela.

Apology Letter tem um riff inicial que lembra muito “Feel The Pain” do Dinosaur Jr, porém mais lenta. Mas essa lembrança se desfaz quando Kaplan entra com seus vocais. É impressionante a elegância com que ele canta no disco inteiro, mas em especial nessa música. O baixo faz a cama junto com teclados que dão um clima muito profundo para música. A letra fala de arrependimento e a luta para pedir desculpas como o próprio título da canção sugere.

Braincapers é daquelas músicas exótica que só a banda sabe fazer, aqui encontram-se elementos de shoegaze, dream pop e noise. Os vocais de Kaplas submersos no ambiente de diversas camadas de guitarras em feedback, baixo e bateria que complementam muito bem os momentos líricos como “Viaje pela luz comigo, perca um pouco mais de tempo”.

Chegamos a faixa título, a penúltima do disco, é uma canção que causa estranheza desde o início pelas suas múltiplas camadas de guitarra, andamento lento, vocais jogados e enterrado abaixo dos teclados. Uma música que apresenta em suas letras sentimentos de frustração e decepção com o estado do mundo atual. Além de uma visão desorientada e muita confusão por parte das pessoas. Frases como “vemos o que você acha que vemos” são o tom da percepção errônea que as pessoas tem da realidade ao seu redor.

Por fim, Miles Away fecha o álbum, uma faixa calma é a outra cantada por Georgia Hubley, etérea,climática e com seus vocais muito bem colocados, tem os ares do Sigur Rós, porém mais noise que as músicas celestiais dos finlandeses.

É sem dúvida um dos álbuns mais profundos e bonitos de 2023.

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