2026 foi um ano repleto de muitos ótimos lançamentos musicais. E confesso que, escolher uma lista só com 10 nunca é uma tarefa fácil. Pra chegar a esses 10 artistas que eu considerei os melhores do ano, muita, mas muita coisa boa ficou de fora, acredite.
O que mais me chamou a atenção este ano foi como bandas com vocais femininos estiveram em alta. Wolf Alice, Just Mustard, Kendra Morris, só pra citar algumas. E foram tantas bandas! Outra coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de bandas flertando com o country, americana e o southern. E eu acho isso maravilhoso, só mostra como a música tem um poder de mutação incrível.
Outro detalhe que me também me chamou a atenção foi a quantidade de bandas Indie que surgiram e com lançamentos incríveis. E isso é uma das coisas mais legais em fazer parte de um hub como a Disconecta e o Indie Rock Brasil, nós vamos descobrindo muita coisa. E muita coisa nos passa batido também, perfeitamente plausível.
Que venha 2026 com muita música boa e muitas novidades a serem descobertas. Abaixo vou deixar minha lista dos melhores do ano de 2025.
10. S.G. Goodman – Planting by the Signs
“Planting by the Signs” confirma S.G. Goodman como uma das vozes mais consistentes e pessoais da música americana contemporânea. Assim como no disco anterior, ela parte de um território enraizado no folk, no country e no southern rock, mas amplia o alcance emocional e narrativo a cada faixa. É um álbum que não tenta reinventar tradições, mas as trata com intimidade e consciência, como quem entende de onde vem e para onde quer ir.

09. Big Thief – Double Infinity
Em “Double Infinity”, o Big Thief não se limita a aprimorar o que já conhecemos; eles o expandem e o transformam, abrindo novas jornadas sonoras que nos convidam a uma jornada profunda. Para mim, a verdadeira magia está em como cada canção parece se esforçar desesperadamente para expressar a forma mais pura e intocada de amor — um amor que, eu diria, existe muito além das palavras e de tudo o que a percepção humana pode alcançar. É fascinante, porque sinto que eles entendem que a linguagem, com suas regras e limites, muitas vezes pode se tornar uma ferramenta de repressão e obrigações, e neste álbum, eles conseguem transcender essa barreira, nos conectando com algo muito mais essencial.

08. Hayley Williams – Ego
Nunca fui fã do Paramore. Mas confesso que este disco me pegou em cheio. Em “Ego Death”, Williams nos entrega seu primeiro álbum depois de um compromisso que durou uma vida. Mas esqueça a celebração; ela nos puxa para as profundas consequências dessa escolha, mostrando como os os efeitos se fazem sentir muito além do profissional. Você percebe isso em faixas como “Hard”, onde os sintetizadores cortantes e sua voz em angústia no refrão revelam o peso de seu sacrifício.

07. Frankie and the Witchfingers
Que banda! O Frankie and The Witch Fingers é tipo aqueles pioneiros do punk: eles não fazem a menor questão de esconder o que pensam sobre política. E não tem meio-termo! No oitavo álbum, “Trash Classic”, toda essa energia e crítica ganham vida em um som que te pega de jeito.
Pensa em grooves de pós-punk que te fazem dançar, bem na pegada do Suicide, com sintetizadores distorcidos que parecem ter saído de um videogame e guitarras geladas que o Andy Gill adoraria. Mas, por trás dessa sonoridade mais crua, “Trash Classic” é, querendo ou não, o manifesto puro e sem filtros da banda. Então, se você curte Devo, Stooges ou Oh Sees, a minha dica é: aumente o volume e se entregue!
06. Tunde Adebimpe – Thee Black Boltz
O vocalista do TV on the Radio estreia em carreira solo com um disco que apresenta fusão de soul, funk e art-rock com produção cuidadosa e referências ao futuro e ao íntimo, mas com produção detalhista e colaborações pontuais. Entre os nomes envolvidos, destacam-se o multi-instrumentista Wilder Zoby e o baterista Jahphet Landis, parceiro de turnês do TVOTR.

05. Turnstile – NEVER ENOUGH
Existe algo curioso em como uma banda como o Turnstile conseguiu chegar até aqui. O hardcore, por tradição, sempre foi resistente à ideia de expansão sonora, de concessões pop, de aproximação com o mainstream. Ainda assim, Never Enough, lançado em junho de 2025, consegue fazer tudo isso — e mais — sem jamais parecer um produto diluído ou moldado para agradar um novo público. Ao contrário: o disco é uma afirmação coletiva de identidade, uma obra feita com o mesmo espírito de urgência, liberdade e comunidade que sempre guiou a banda desde seus primeiros lançamentos.

04. Geese – Getting Killed
O terceiro álbum da banda, “Getting Killed”, é, para mim, o trabalho mais estranho e poderoso deles. É uma sonoridade ansiosa e fragmentada que, a qualquer momento, pode explodir num grito paranoico ou, de repente, se transformar em uma declaração de amor sem vergonha. É uma experiência e tanto!

03. Wet Leg – moisturizer
“Moisturizer” me pegou desprevenido. Achei que sabia o que esperar de um segundo disco do Wet Leg — mais ironia, mais refrões grudados na cabeça, mais sarcasmo embalado por guitarras dançantes. Mas o que encontrei foi outra coisa. Não é um disco que chega pedindo atenção: ele se aproxima de forma mais sutil, quase desconfortável às vezes, como um sussurro ao pé do ouvido.

02. Suede – Antidepressants
Quando o Suede lançou Autofiction em 2022, muita gente comentou que aquele era o disco mais cru e urgente da banda em décadas. Brett Anderson e companhia entregaram um registro com pegada punk, visceral, que soava como uma descarga elétrica depois de anos de experimentação mais atmosférica. Agora, com Antidepressants, lançado em setembro de 2025, o grupo britânico dá um passo além: se antes o olhar era voltado para a urgência, agora é o pós-punk que serve de filtro para suas inquietações.

01. Pulp – More
Há discos que chegam com alarde e se esvaem no barulho das redes. Outros chegam sem estardalhaço e permanecem, quase como uma conversa que não quer terminar. “More”, o novo álbum do Pulp, lançado neste ano, é desse segundo tipo. Um retorno esperado, sim — afinal, foram 24 anos de silêncio —, mas o que impressiona mesmo é a naturalidade com que a banda ocupa de novo o seu espaço, como se nunca tivesse saído dali.



