Para a alegria dos fãs de rock progressivo, a espera acabou! O lendário trio canadense Rush está de volta e anunciou uma turnê de reunião para 2026. A grande novidade fica por conta da talentosa baterista Anika Nilles, que assume as baquetas.
Este retorno é especialmente marcante, pois acontece mais de uma década após o último show da banda e cinco anos depois da partida do icônico Neil Peart.
Com uma discografia poderosa de 19 álbuns de estúdio, de “Rush” (1974) a “Clockwork Angels” (2012), o Rush se consolidou como uma das maiores influências do gênero. Sua jornada sonora é fascinante: começou no hard rock, mergulhou no progressivo nos anos 70, explorou o new wave e o synth-rock nos anos 80 e, por fim, voltou às suas raízes, completando um ciclo musical incrível.
Pensando nisso, a Loudwire fez uma lista com as 10 canções que melhor representam a carreira da banda. Tá bem, não é uma tarefa fácil, é praticamente impossível. No final, o resultado ficou bacana. Vamos conferir?
10. The Garden (2012)
Nada mais justo do que encerrar com “The Garden”, a faixa que fecha o último álbum de estúdio do Rush. Assim como a “medley” do álbum Abbey Road fez pelos Beatles, essa música coroou a carreira de seus criadores com uma carga emocional e um significado de arrepiar. Seja de propósito ou não, “The Garden” soa como uma despedida consciente, que celebra tudo o que a banda e seus fãs compartilharam ao longo de quatro décadas.
De modo geral, o álbum Clockwork Angels marcou um retorno às obras conceituais e às fundações do rock progressivo que definiram o auge da banda nos anos 70. E embora não seja uma música “complexa”, “The Garden” remete à grandiosidade da produção e ao escopo daqueles discos. Em sua essência, ela é uma simples balada acústica, mas que é embelezada com arranjos de cordas deslumbrantes, acordes de piano agridoces e outros ornamentos encantadores.
09. Far Cry (2007)
Snakes & Arrows, sucessor de Vapor Trails, é um dos álbuns mais controversos do Rush, variando do fundo ao meio do ranking de sua discografia. Apesar de ser um bom trabalho, a banda às vezes se inclinou a tendências mais comerciais, algo influenciado pelo produtor Nick Raskulinecz (Foo Fighters, Stone Sour, Velvet Revolver). Isso não chega a ser negativo, mas em faixas como “Far Cry” o equilíbrio fica ligeiramente deslocado: a música é sólida, mas poderia facilmente se encaixar no som de várias bandas de rock do meio dos anos 2000, não fosse a química rítmica única de Peart e Lee. Em essência, assim como o new wave marcou parte do final dos anos 1980, o hard/alternative rock do novo milênio também deixou sua marca aqui.
08. One Little Victory (2002)
Após um silêncio de seis anos — o mais longo de sua carreira — o Rush retornou com Vapor Trails. Essa pausa prolongada foi totalmente compreensível, vindo após as imensas tragédias pessoais do baterista Neil Peart, que perdeu sua filha em 1997 e sua esposa em 1998.
A faixa de abertura, com o título simbólico “One Little Victory”, resume tudo. Desde o início, Peart retoma seu trono com sua bateria estrondosa e característica. Lifeson e Lee entram no mesmo ritmo com guitarras ferozes e vocais firmes, e a letra de Peart captura perfeitamente a mentalidade reflexiva do Rush
07. Ghost of a Chance (1991)
O Rush voltou a trabalhar com o produtor Rupert Hine — também de Presto — em Roll the Bones, apostando em um som mais direto, moderno e centrado nas guitarras, distante da fase dominada por teclados nos anos 1980. A balada “Ghost of a Chance” resume bem essa virada: alcançou o nº 2 na Mainstream Rock Airplay e marcou um novo fôlego comercial para a banda.
Embora não tenha a complexidade dos clássicos do grupo, a música é eficaz. A voz mais grave de Geddy Lee traz emoção, enquanto seus sintetizadores sutis e as guitarras delicadas de Alex Lifeson adicionam nuances que a destacam entre o pop rock da época.
06. Lock and Key (1987)
Hold Your Fire marcou o auge da fase synth rock/new wave do Rush e, embora tenha recebido elogios pontuais, vendeu menos do que o esperado — o que explica o retorno ao som mais voltado às guitarras em Presto (1989). Hoje, o álbum costuma ser visto como o ponto mais fraco dos anos 1980 da banda, com “Lock and Key” frequentemente citada como uma de suas piores faixas. Inspirada em The Heart Is a Lonely Hunter, de Carson McCullers, a canção soa excessivamente polida e sentimental, faltando-lhe a criatividade e o vigor típicos do Rush. Apesar da boa intenção lírica — uma reflexão sobre os instintos violentos humanos —, “Lock and Key” simboliza o período menos inspirado do trio.
05. Tom Sawyer (1981)
Se há um disco do Rush que merece duas menções em qualquer lista, esse é Moving Pictures, o mais emblemático da banda — e, claro, se há uma música que até quem nunca ouviu Rush conhece, é “Tom Sawyer”. Presente em filmes e séries como Small Soldiers, MacGyver, The Waterboy, Futurama e I Love You, Man, a faixa marcou a estreia de Geddy Lee com o baixo Fender Jazz e a primeira parceria do grupo com o letrista Pye Dubois. Dando sequência ao espírito de Permanent Waves e de “The Spirit of Radio”, o hit traz talvez o riff de teclado mais célebre do rock progressivo e uma das melodias mais marcantes do trio, com o solo inconfundível de Alex Lifeson e a batida precisa de Neil Peart. Enfim, “Tom Sawyer” é simplesmente um clássico absoluto.
04. YYZ (1981)
“YYZ” não foi a primeira faixa instrumental do Rush — essa honra vai para “La Villa Strangiato” — nem a última, como mostra “Malignant Narcissism”. Mas, quando se pensa em um instrumental da banda (ou do rock progressivo em geral), é impossível não lembrar de “YYZ”, favorita de Taylor Hawkins e indicada ao Grammy. Com sua introdução percussiva baseada no código do Aeroporto Pearson de Toronto e a mistura de prog rock com jazz fusion, a música é única e envolvente. O trio demonstra sintonia perfeita, alternando passagens complexas e contrapontos criativos, passando de momentos vibrantes para um interlúdio mais calmo e melancólico. É uma experiência divertida e dinâmica, que já foi reinterpretada por músicos de todos os níveis e marcada presença em jogos como Guitar Hero, conquistando fãs de várias gerações.
03. The Spirit of Radio (1980)
Além de ter uma das aberturas mais marcantes do Rush, “The Spirit of Radio” foi o single principal de Permanent Waves (1980), álbum que iniciou a fase de composições mais diretas e acessíveis da banda. Ainda mantém muito do prog rock característico, mas também flerta com new wave e até reggae. A letra, que lamenta as mudanças no rádio FM, reflete esse espírito voltado às rádios, e o sucesso nas paradas internacionais ampliou a popularidade do Rush nos EUA, Reino Unido e Canadá. Com isso, a faixa e o álbum prepararam o terreno para os próximos passos comerciais e criativos da banda, marcando a chegada de uma nova década e novas tendências musicais.
02. 2112 (1976)
Apenas dois anos depois, com Neil Peart totalmente integrado, o trio mergulhou de vez no prog/space rock. A faixa-título de sete partes e 20 minutos do quarto álbum é o ponto alto desse período, com suas seções iniciais se tornando clássicos frequentes nos shows. Inspirada em Ayn Rand, a narrativa futurista sobre guerra galáctica, revoltas políticas e música proibida até virou quadrinho. Entre a intricada “Overture”, a cativante “Temple of Syrinx” e a tranquila “Oracle: the Dream”, “2112” mostra estilo, importância histórica e influência em bandas como Dream Theater e Coheed and Cambria. Um verdadeiro marco que ajudou a salvar a carreira do Rush.
01. Working Man (1974)
O primeiro disco do Rush é rock’n’roll na veia! É o único com o baterista John Rutsey e uma homenagem clara aos seus heróis, como Led Zeppelin.
A faixa “Working Man” se tornou um sucesso instantâneo com seus riffs potentes e uma letra sobre a labuta diária que grudou na cabeça da galera. Eles já eram músicos fantásticos, mas a complexidade e as excentricidades do prog rock ainda estavam por vir. Era o início de tudo, com força total!