The Beatles – A Magia do Anthology de Volta

Mari Cazé
4 minutos de leitura
The Beatles. Foto: Reprodução.

Imagine o seguinte: você é uma menina de 11 para 12 anos que mal sabia quem eram os Beatles. Já tinha ouvido um Twist and Shout ou outra música por aí, mas nada que chamasse a atenção. Seus pais não eram fãs; havia uma coletânea perdida na estante, que você sequer lembrava de ter tocado na vitrola. Aí, um dia, você escuta que a Globo vai exibir um documentário sobre eles e pensa: “Não sei por que todo mundo ama tanto essa banda. Vou assistir pra descobrir.”

Foi assim, do nada, sem referência alguma, que resolvi assistir ao Anthology. Sozinha, no meu quarto, numa TV de tubo de 14 polegadas. Nem cogitei ir para a sala, onde a televisão era maior. Resumo da ópera? Quando terminou o último capítulo, eu estava chorando. Emocionada. Cativada. Picada pelo bichinho da beatlemania. Eles tinham acabado de conquistar mais uma fã.

Em 1995, com o lançamento do documentário e dos discos, divulgados de forma espaçada, os Beatles ganharam uma nova legião de admiradores. E hoje, 30 anos depois, a magia retorna: relançamentos com qualidade de áudio impecável, imagem restaurada com tecnologia atual, um disco extra e até um episódio adicional. Um presente para nós, fãs de longa data, e uma porta de entrada perfeita para quem está descobrindo a banda agora.

Os discos, confesso, talvez não sejam tão fáceis para o público mais jovem. São feitos de takes diferentes, versões alternativas, gravações inacabadas, um conceito fascinante, mas muito diferente do que as pessoas gostam de consumir hoje em dia. Eu, nos anos 1990, achei tudo aquilo revolucionário. 

Já o documentário continua extremamente acessível: mesmo mais curto que o original, segue envolvente, cheio de depoimentos, imagens arrebatadoras e, claro, música. É uma construção brilhante para entender a banda, o contexto, o impacto cultural e todos os motivos que fizeram dos Beatles o maior fenômeno da história da música.

Para quem nunca viu o original, o documentário novo não perde a sua essência. Muitos não gostaram de alguns cortes, mas, de forma geral, os trechos retirados são curiosidades, nada que mude a história. Eu, particularmente, esperei muitos anos para que ele fosse lançado em streaming e não posso reclamar de nada. É só alegria.

O Anthology não é apenas um documentário ou uma coletânea de arquivos restaurados. É uma ponte, sólida, afetiva e luminosa, entre diferentes gerações de fãs. Para alguns, é a chance de reviver aquela primeira emoção de 1995, para outros, a oportunidade de descobrir os Beatles com olhos e ouvidos totalmente novos. 

No fim das contas, cada relançamento deles prova a mesma coisa: a história da banda não é apenas sobre música, mas sobre pertencimento, memória e encantamento. E, enquanto houver quem aperte o play com curiosidade sincera, os Beatles continuarão se reinventando e encontrando novos corações para habitar.

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