Da infância pobre até o estrela, é essa a linha do tempo que se propõe Moby em sua autobiografia Porcelain, lançada em 2016.
Nascido Richard Melville Hall em 11 de setembro de 1965, mas conhecido mundialmente sob a alcunha de Moby, apelido que herdou em decorrência de seu parentesco distante do escritor de Moby Dick, Herman Melville. O multi-instrumentista discorre suas histórias em formato de crônicas desde os tempos de criança onde costumava ouvir Donna Summer nas rádios locais de Connecticut enquanto esperava sua mãe em uma lavanderia.
Na adolescência mantinha uma vida regrada e cristã, participando ativamente de encontros religiosos de pessoas de sua idade até se desprender no início na vida adulta quando começou a se apresentar mais ativamente em clubes de hip-hop e música eletrônica. Na sua juventude teve sua primeira banda de hardcore punk, Vatican Comandos, mas acabou pegando outros caminhos até a fase adulta onde começou a morar sozinho em um galpão industrial no qual pagava 50 dólares mensais e onde começou a produzir seus primeiros beats.
Aos poucos ganhou experiências nas pickups e conseguiu suas primeiras noites e residências em NY onde acabou se mudando para apartamentos nada glamorosos, essa passagens iniciais em alguns momentos são contadas em detalhes junto com suas aventuras amorosas e a dificuldade dos primeiros anos na megalopole.
Mas Moby foi superando os desafios e foi ganhando respeito na comunidade clubber composta principalmente por hispânicos, negros e homossexuais, a base para o movimento de música eletrônica que ele ajudou propagar naqueles anos.
Suas primeiras produções começaram a ganhar respeito e ele assinou com o pequeno selo local Instinct Records onde conciliava o trabalho operacional com o de produção, haja visto que seu estúdio ficava no apartamento do proprietário do selo, Rome Royce.
Logo sua música chamou a atenção de selos pelo mundo como a Mute Records. Nessa época o movimento da música eletrônica não estava restrito apenas aos clubbers, somaram-se a eles os ravers, não só no velho continente em squads britânicas, mas em terra estadunidense. Em um de seus relatos do livro sobre o assunto Moby fala sobre as diferenças desses dois movimentos, principalmente no ocidente europeu na quais os ravers não pareciam em nada com o clubbers estadunidenses.
No livro, Moby deixa claro a dificuldade de sair da Instinct, selo que abriu as portas pra ele em tempos iniciais mas o prejudicou na sua saída, fazendo o próximo selo pagar uma grande multa por tirá-lo de lá.
Desafios tornaram-se um constante na vida de Moby sejam eles de seus relacionamentos com ex-namoradas de amigos de adolescências, passando por stripers e groupies da estrada, mas também de chegar ao topo.
Em certo momento, voltou a beber após uma desilusão amorosa, nos seus primeiros anos de clubber, Moby era abstêmio convicto mesmo rodeado por drogas de diversas procedências. Amante e militante na luta pelos direitos dos animais, no livro mostra sempre essa preocupação chegando a gravar um disco punk, Animal Rights.
Todos os detalhes de gigs pela Europa, aparições em festivais como Lollapalooza estão cirurgicamente escrito na biografia, bem como, a passagem de sua mãe, uma hippie sessentista e o seu crescimento na cena álbum após álbum até seu mau sucedido Animal Rights. Disco esse que saiu de sua vertente eletrônica e foi uma reencontro com o punk rock, a volta por cima estava por vir e mesmo sendo demitido da Elektra após a tour deste álbum, Moby mostrou sua força e resiliência e criou um dos álbuns mais importantes dos anos 90, o Play e nessa fase de perda da mãe e a guinada para o sucesso global é que Moby acaba o livro.
O triste do livro é o seu fim justamente nessa parte de sua carreira, mas é um leitura prazerosa, cheia de boas histórias e acontecimentos da vida do produto.
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